LULA, DILMA, E A SEMANA SANTA
                         
Um poeta medieval, ao criticar a corrupção do clero católico da sua época, disse que o inferno era povoado por três tipos de pecadores: os que cometem pecados, os que veem o pecado sendo cometido e se calam diante disso e os que podiam tê-lo impedido e não o fizeram. Ele citava como exemplo os saduceus, que prenderam, acusaram e condenaram Jesus pecadores ativos e os fariseus, que a tudo assistiram sem dizer nada, apenas concordando com o que estava sendo feito (pecadores passivos). E o terceiro pecador, que podia ter impedido que o mal acontecesse, mas preferiu lavar as mãos, porque o assunto não era do seu interesse. No caso, o procurador romano, Pôncio Pilatos.
Se tivéssemos que transportar esse cenário para o Brasil de hoje, a quem daríamos os papéis de Anás e Caifáz, os dois saduceus que foram responsáveis pela farsa do julgamento de Jesus e sua consequente condenação á morte? Os saduceus, de acordo com Flávio Josefo, eram os grandes proprietários de terras, os políticos e administradores do país e viviam mancomunados com os romanos para conservar o poder. Qualquer semelhança com os nossos tipos atuais não terá sido mera coincidência. E os fariseus, a quem seria atribuído esse papel? Estes, como deles disse Jesus, eram pessoas hipócritas e mentirosas que dilapidavam as casas das viúvas com desculpa de fazer longas orações, e viviam rezando nas ruas e nas praças dando esmolinhas para os pobres e anunciando o que fizeram tocando trombetas. Eles compunham a maior parte do Sinédrio judeu. Será que temos gente parecida com eles hoje?
E quanto aos procuradores romanos, que tinham a força da autoridade, eles deixavam que tudo isso acontecesse e nada faziam para melhorar as coisas porque seu único interesse era arrecadar impostos e encher as burras do imperador. Quanto á fome, á miséria, a insegurança pública, a falta de serviços públicos, a corrupção, isso não era problema deles.  E Judas, quem encarnaria bem esse papel?
Fico pensando nisso olhando o Brasil de hoje. O Temer e os políticos do seu partido, o PMDB, dariam excelentes fariseus. Junto com eles a bancada evangélica, que até por encômios da profissão já são mesmo fariseus profissionais. Os petistas seriam ótimos saduceus. Nunca vi gente mais ávida de poder. Fazem acordos até com o capeta só para não perder a “boquinha”.
O Lula e a Dilma seriam Caifáz e Anás. Anás era sogro do Caifáz. O Lula é o padrinho da Dilma. Motivos para a analogia não faltam. Assim, dou o papel de Anás para Lula e de Caifáz para a Dilma.
Justifico. O Lula porque perdeu toda a sensibilidade junto com o dedo que o torno comeu. Com ele se foram os seus sentidos. Ele ficou cego, surdo e mudo. Pois não viu os seus amigos e aliados pilhando o país, não ouviu os avisos e os conselhos que lhe foram dados a respeito dos tais amigos, nem disse nada depois que tudo foi descoberto e escancarado. Aliás, disse, mas foram só palavras para defender os bandidos. De ingênuo conivente ele passou a ser cúmplice comprometido. Que nem Anás quando disse que “alguém tem que morrer pelo povo.”
E a Dilma. Bem, a Dilma ganha o papel de Caifás com mérito. Ela participou de tudo isso desde o começo. Como Ministra das Minas e Energia ela já sabia que a matriz energética do país tinha muitos problemas e nada fez para melhorar a situação.  Que não venha dizer agora que não tem responsabilidade nenhuma pela crise energética que assola o país. E como chefe do Conselho Administrativo da Petrobrás, o que ela fazia que não desconfiou da roubalheira que estava sendo cometida lá?  Depois, como Ministra da Casa Civil ela substituiu o PC Farias do Lula (o Zé Dirceu) na coordenação da política do governo e somente uma pessoa muito ingênua acreditaria que ela não sabia de nada das tramoias do seu antecessor e que coisas muito piores do que aquelas que o Zé estava fazendo estavam acontecendo na Petrobrás e nas outras estatais. Por dolo ou por ignorância, ela é culpada como o diabo. Como Caifáz, o chefe do Sinédrio judeu que condenou Jesus á morrer na Cruz.
E o papel de Pilatos, para quem daremos? Tenho vários candidatos. O Primeiro é o Congresso Nacional, nele incluindo todos os senadores e deputados, da situação e da oposição. Todos eles sabiam, e muitos deles são beneficiários, da roubalheira que o PT promoveu nesses doze anos de governo petista. O segundo candidato é o Sistema Judiciário nacional, neles incluindo procuradores, juízes e órgãos de classe e de fiscalização, como a CGU, a OAB, Os TCUs a Receita Federal e que tais, que só tardiamente, e com raras exceções, começaram a se movimentar para processar e punir essa quadrilha que está pilhando o país. O terceiro candidato somos nós mesmos, que estamos vendo e lavando as mãos em relação á tudo isso. Somos todos cúmplices passivos dos crimes que estão sendo cometidos, até porque referendamos todos esses malfeitos reconduzindo essa gente para mais um mandato.
Tudo bem. O inferno é grande e tem lugar para todos nós. Até mesmo para quem fica na plateia aplaudindo ou só criticando. E é bom começar a se acostumar com ele porque já estamos quase na porta. O calor que está fazendo não é coincidência. A sede também. Depois virá a escuridão, quando os apagões começarem. Mas como disse o evangelista, esse ainda não é o fim. É apenas o principio das dores. A semana santa vem aí. Vamos recrucificar o Cristo. Os personagens nós já temos. O ambiente também. Mas antes disso teremos o Carnaval. Uma pausa para refresco antes de entrarmos no inferno. Ah! e tem também o Big Brother...
Esqueci o Judas? Ah! que tal o Lewandovisky e a turma do Supremo que já está pondo na rua os réus do Mensalão?