Primaveras : Da Árabe para a brasileira

Em 2011 tivemos a Primavera árabe, movimento que iniciou-se na Tunísia com o proposito de transição democrática, e espalhou-se por países próximos com ótimo propósito, para que o povo tivesse mais liberdade para atuação politica e se libertasse de regimes autoritários. Alguns dos países envolvidos chegaram a metade desse processo sendo a Tunísia o único em que realmente foi concluído.

Na Líbia desde a queda de Muamar Khadafi exímio ditador, o país está a mercê de duas milícias rivais e tribos que disputam o poder. Há parlamentos rivais e dois governos opositores apoiados por milicias diferentes, governando a região leste e oeste do país.

O Iêmen retornou a dias de agonia política, os Xiitas dos houthis forçaram a renuncia do Presidente e Primeiro Ministro, em prol do poder.

O Egito que derrubou Hosni Mubarak em 2011 já teve 3 presidentes eleitos, em 2012 o presidente não teve habilidade política para se manter no poder, foi deposto pelos militares que tomaram o poder e colocaram um general para ser o líder do país, ou seja um retrocesso.

Na Arabia Saudita tudo como sempre a monarquia permaneceu no poder sem ser abalada em sua influência e força.

Na Síria as demandas iniciais por reformas democráticas de origem popular, foi duramente reprimida, formou-se uma guerra civil que já deixou pelo menos 200 mil mortos, o regime continua no poder e o país enfrenta o estado islâmico.

Muito se diz sobre as revoluções, sobre a esperança de acreditar no poder popular, mas de 6 países somente em 1 a primavera árabe atingiu seus objetivos, o povo pode até ter força, mas não tem organização, nem poder, e nem coragem. Revolução exige esforço diário e contínuo, ela nunca para, ela transita para ganhar força e não cair no ostracismo, é por isso talvez que as manifestações no Brasil sejam tão tolas, são desconexas, sem continuação, com pautas dispersas. Um povo que tomou o congresso em 2013, não poderia estar tão disperso, nem deveria.

Enquanto a palavra guia não for cooperatividade e união, jamais seremos a força que trará mudanças para que a democracia seja constituida nas bases de uma lei justa, sem brechas e privilégios para uma minoria elitizada. Enquanto nossos motivos continuarem a ser pautados no individualismo e no ego-ismo a nossa primavera brasileira jamais passará de um pobre jardim de gramas secas e ervas daninhas, tal como virou a primavera árabe.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 29/01/2015
Reeditado em 22/02/2015
Código do texto: T5117805
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