FITNESS MORAL
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Poeta satírico, Juvenal cunhou expressões lapidares, como “panem et circences”, pão e circo, “rara avis”, ave rara, e “mens sana in corpore sano”, uma mente sadia em um corpo sadio. Esta última é parte da resposta de Juvenal à questão sobre o que as pessoas deveriam pedir em oração, basicamente, saúde espiritual e saúde física.
Hoje em dia se dá o maior valor a um corpo sarado, mesmo que a mente esteja contaminada. A palavra fitness, em inglês, é formada a partir de fit, no seu significado de boa forma, e ness, um sufixo que, por sua vez, forma substantivos, à semelhança de darkness, escuridão, em que esse sufixo é acrescentado ao adjetivo dark, escuro. Enfim, pode-se entender fitness como bom condicionamento físico, objetivo que às vezes se torna obsessão em determinadas pessoas. Malhar passou a significar fazer ginástica intensiva visando à musculação ou ao emagrecimento. Malhação, hoje, é palavra de ordem. E ordem do dia, de todo dia, praticamente. O número de academias de ginástica comprova essa situação.
Paralelamente, e infelizmente, essa corrida às academias não vem acompanhada do que se poderia chamar de fitness moral. Parece até que, à medida que essa preocupação com o corpo cresce em proporção aritmética, a corrupção cresce em proporção geométrica, lembrando a teoria de Malthus. Nunca dos nuncas esse tema foi tão destacado pela nossa mídia.
Mas já o padre Antônio Vieira afirmara que das partes daqui se conjuga por todos os modos da arte o verbo rapio. Em suma, furta-se por todos os modos: pelo modo indicativo, pelo modo imperativo, pelo modo mandativo, pelo modo optativo, pelo modo conjuntivo, pelo modo potencial, pelo modo permissivo, pelo modo infinitivo; também por todos os tempos: presente, pretérito e futuro: no imperfeito, perfeito, plusquam perfeito, pois furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar. Na voz ativa e na voz passiva porque quem é roubado e consumido é o povo.