BABAQUICE GENERALIZADA

Raramente, eu paro para observar um vídeo, seja no Facebook, seja em quaisquer outros sites. Hoje, porém, ao olhar um dos numerosos vídeos idiotas postados no Facebook, eu li alguns ridículos comentários e olhei as curtidas que esses ridículos comentários receberam.

Não posso deixar de ver a realidade, pois todas as minhas reflexões são baseadas no que eu vejo. Eu preciso ver a realidade. É preciso ver para poder conhecer. É preciso conhecer uma realidade para poder falar sobre ela, ainda que não precisemos estar sempre vendo o que não faz sentido; ainda que não precisemos estar sempre vendo babaquices generalizadas; coisas iguais ao Big Brother Brasil: a Grande Besteira Brasil. Às vezes, eu assisto a isso, para poder analisar.

Podemos refletir sobre tudo que há. O vídeo ao qual me refiro é mostrado pelo Acervo Arrocha.com.br. O cantor mostrado se chama Maguinho do Piauí. Foi esse o nome que eu consegui ver, apesar da letra estar com uma cor que dificulta, um pouco, a identificação do nome do “grande artista”. Até nisto: na escolha da cor da letra, já se nota a falta de qualidade no que é mostrado. O problema não está na cor da letra em si, mas na dificuldade de identificação que a cor amarela, naquele caso, causa. Com a cor amarela, o nome do “artista” fica um pouco apagado.

A canção se chama Deus. Apenas o nome da canção é bom e bonito; nada mais. A música, na verdade, o lixo cultural, recebeu 4.950 curtidas, até o momento da última visualização que eu fiz. Esse lixo, até o momento verificado, alcançou 9.720 compartilhamentos. Ele obteve 382.467 visualizações. Para falar a verdade, durante a escrita desta crônica, eu fiquei o tempo todo atualizando esses dados. Neste momento em que você faz esta leitura, esses dados já estão desatualizados. O número de curtidas, visualizações e compartilhamentos, eu não tenho dúvida, já aumentou.

Não posso ser grosseiro com as outras pessoas que visualizaram aquela babaquice. Mas, a meu respeito, eu posso dizer: eu sou um babaca, um grande babaca, por ter visto aquilo; por ter perdido o meu tempo vendo aquilo. Mas, mesmo assim, aquilo serviu e serve para nos mostrar que o Brasil está perdido; que o Brasil é um país onde as pessoas aplaudem e enaltecem o superficial, o ridículo, o fútil. Não é à toa que o Brasil sempre teve e continua tendo uma educação que é quase a pior educação do mundo. Ressalto: eu não sou contra o ridículo. Um circo, por exemplo, é ridículo, mas faz um grande bem à humanidade. Há ridículos úteis à vida humana. Eu sou contra o ridículo que é compartilhado; que é propagado, mas não serve para a vida, enquanto o que é bom não recebe a mesma atenção e propagação que o mau ridículo recebe.

Eis, agora, alguns comentários e os respectivos números de curtidas:

“Que dança dos inferno é essa” : 255 curtidas; “Coreografia maneira! KKKKKKK”: 149; “tá foda ser brasileiro”: 141; “Eita lasqueira kkkkk”: 31 curtidas.

Diante disso, concluímos que o vulgar é divulgado com muita satisfação. Não é difícil saber as razões da péssima educação que temos. Não é difícil conhecer o nível mental dos brasileiros.

Atenção: o número de curtidas que um vídeo, um texto e uma postagem recebem não corresponde à sua qualidade. Atualmente, com poucas exceções, o que é bom é menos reconhecido do que aquilo que é ruim. O que é bom é menos valorizado. O que é bom é chato. O que é ruim é engraçado.

Não é difícil saber o nível de conhecimento das pessoas. Não é difícil saber o nível de consciência de alguém.

Há tanta coisa boa para ser vista... Há tanta coisa boa para ser conhecida... Há tanto bem à nossa espera para ser desfrutado... No entanto, o que temos é a babaquice generalizada. Talvez eu seja um dos maiores babacas deste mundo. Em relação à maioria, tomando a maioria como padrão, eu preciso admitir: eu sou um bicho destoante. Contudo, eu me sinto bem assim. Eu não tenho dúvida de que é muito melhor ser destoante da maioria do que participar da babaquice generalizada. O pensamento da maioria nunca foi representante ou adepto da verdade. A história confirma o que eu digo.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 25/01/2015
Reeditado em 26/01/2015
Código do texto: T5113948
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