SEM VERGONHA

O caso abaixo me foi relatado pelo mano Aécio Flavio, músico e maestro conhecido nos meios artísticos de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, chefe de orquestras e conjuntos musicais no passado, hoje aposentado, curtindo filhos e netos na bela capital carioca.

Estava ele, Aécio, em São Paulo, apresentando-se em boates famosas da noite paulistana, quando ele e alguns dos seus músicos, de folga, resolveram ver o famoso cantor argentino Gregório Barrios, o qual cantaria no “Avenida Danças”, badalada casa de shows da Avenida Rio Branco, próximo à Praça da República.

No palco, comandando uma grande orquestra de excelentes profissionais, estava o fabuloso Maestro Elcio Álvarez. O “dancing” estava lotado, todas as mesas ocupadas, vários casais dançando e, bem no centro, um caipira de Piracicaba, visitando “Sampa” pela primeira vez, tomando sua cervejinha, desacompanhado, já meio tonto, mas atento ao espetáculo.

Foi quando, por volta da meia noite, o locutor anunciou o grande astro portenho, Gregório Barrios. Delirantemente aplaudido, ele voltou-se para a orquestra do Maestro Elcio Alvarez, a qual deu a introdução de um dos famosos boleros do seu repertório.

Findo o primeiro número, uma estrondosa salva de palmas ecoou pelo recinto, após o que alguns fãs, na platéia, pediam, aos gritos, que ele cantasse alguns sucessos do seu repertório:-

“- Hipócrita”, disse um, “Pecadora”, pediu outro, “Perfídia” , solicitou mais outro fã e expectador.

Foi nesse momento que o caipira de Piracicaba, já bebaço, cambaleante, ergueu-se da sua cadeira e gritou, alto e bom som:-

“- Sem Vergonha” !...

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 25/01/15

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 25/01/2015
Reeditado em 25/01/2015
Código do texto: T5113850
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.