A menina do outro lado da Rua
Como a vida gosta de pregar peças, de surpreender, de fazer as coisas acontecer sem explicação.
É domingo, mas não qualquer domingo, é um domingo diferente. Lugar diferente, companhia diferente, sentimentos diferentes, sensações diferentes e coisas novas e inexpressionáveis.
Pegar o ônibus, mas não ir pro destino de sempre. Ando pela calçada, passo por locais que nunca fui antes, ou que nunca reparei, dou informações, atravesso a ponte e me pergunto o quão aquilo é fundo, levando em conta meu medo de altura.
Todo esse desvio de caminho para fazer uma única prova. Ando um pouco mais, é a hora de atravessar, quase sou atropelado, corro em meio aos carros e espero pra atravessar novamente, e quando olho para o outro lado há uma moça.
O seu nome? Não sei. Onde mora? Muito menos. Mas sabia que moça igual ainda não tinha visto. Beleza chamativa, cabelos jogados ao vento, óculos que combinavam com sua face e cativante. Era linda em todos os sentidos, jeitos, olhares, até em seu caminhar. Pisadas fortes, focada, talvez pensativa. Mas o mais surpreendente é que o destino dela e o meu era único, estávamos indo ao mesmo local.
Tentei não olhar, mas como não se admirar? Tentei me esconder, mas pra onde iria? Bela moça de olhos e cabelos chamativos.
E quando penso que isso é tudo, senta-se ela na minha frente, e eu vejo ela entrando na sala, torcendo para que se sentase ao meu lado, mas por uma ironia da vida, pela a falta de seu atraso, ela sentou na cadeira da frente.
E assim resume-se essa manhã, na bela moça da calçada do outro lado da rua