Por que?

Por que não amamos quem nos ama?

Por que amamos quem não nos ama?

Por que fingimos para nos proteger?

Por que não usamos a verdade como escudo?

Por que escondemos o tesouro só para nós?

Por que dividimos os nossos ácidos com os outros?

Por que interferimos na felicidade de quem finalmente alcançou algo?

Por que nada fazemos quando percebemos a tristeza se instalando no olhar de quem está ao nosso lado?

Por que exigimos do outro que enxergue o que sentimos sem que tenhamos que lhe dizer?

Por que quando ele nos diz o que sente fechamos os olhos para não ver?

Por que esperamos ser valorizados por quem não compartilha nossos ideais?

Por que não valorizamos aqueles que estiveram sempre compartilhando conosco?

Por que nos perdemos tentando achar quem nos ame?

Por que não procuramos o amor que temos dentro de nós?

Por que só sentimos falta daquilo e daqueles que perdemos?

Por que quando conquistamos coisas e pessoas não sabemos manter?

Por que desejamos o sol quando chove?

Por que amaldiçoamos o calor pedindo o frescor da chuva?

Por que resistimos à alegria com medo da tempestade vir depois?

Por que acalentamos o sofrimento esperando a bonança?

Por que só nos fortalecemos depois de nos machucar?

Por que nos descuidamos quando tudo está bem?

Por que queremos estar em outro lugar quando não nos aceitamos?

Por que quando estamos no lugar certo nos sentimos desconfortáveis?

Por que seguramos do nosso lado quem não queria mais estar?

Por que deixamos partir quem deveria ficar?

Talvez ninguém tenha tantas respostas ou somos nós que não queremos ouví-las. Assim, temos justificativas para as nossas insatisfações. Certa vez me disseram que todos temos um saco de desculpas que podemos usar da maneira que acharmos melhor, de acordo com cada momento. Precisaremos no mínimo de uma boa memória para não repeti-las. Esse é o problema, acreditamos ser sempre os mais espertos e que os bobos não perceberão se matarmos a vovó mais de uma vez. Querendo ou não, as respostas virão com o tempo. No tempo certo e não no nosso. Muitas delas já estão ali, na cara. Mas primeiro temos que ter coragem para aceitar o que ela vai nos dizer, porque depois de ouvi-la não será mais possível ignorá-la colocando uma pedra em cima e achar que com isso ela simplesmente se transformará no que queríamos. Uma vez descoberta, ela não será mais uma incógnita. Pertencerá a você, a mim, a quem quer que tenha feito a pergunta.

A mesma pergunta poder ter respostas diferentes, assim como podemos ter perguntas diferentes com a mesma resposta. As interpretçãoes são pessoais. Nossas verdades não são exatas, elas evoluem juntamente com as nossas experiências. A medida em que alcançamos uma maior compreensão da vida, as respostas serão mais completas. Se pararmos de ser tão imediatistas, talvez possamos perceber que elas estavam dentro de nós o tempo todo. Sem dúvida, será mais nítido se calarmos nosso egoísmo, porta voz das nossas vontades. Ele grita para que não ouçamos a verdade que nos responde baixinho. É simples de certa forma, se quiser saber mais sobre geografia, história buscamos livros que nos esclareçam, consultamos a Internet, não é? Ou será que você faz pesquisa de português em livros de física! Se quisermos responder nossos próprios porquês, temos que estudar a nós mesmos.