MEIO SÉCULO EM MIM...
Houve um tempo em que acreditei ser adotada e só Deus e eu sabíamos como isso me incomodava. Aos poucos percebi que era apenas fruto da minha mente criando histórias, inventando verdades imaginadas. Acabei identificando muitas semelhanças entre mim e mamãe e entre meus irmãos e eu. E diante do espelho com os cabelos envolvidos na toalha, tive a certeza que se eu ficasse careca, ficaria a cara de papai. (risos) Pronto! Havia assim encerrado a infundada ideia de adoção. Depois cismei que não era deste planeta! E na minha mente de menina cismada com as minhas origens, acreditava que tivesse sido deixada na Terra para estudar a complexidade da mente humana. Perdi a conta das horas que ficava olhando o céu à espera de um disco voador vindo me resgatar! Ah, asneiras de criança... A demora da chegada dos pais aliens para me buscar convenceu-me ser eu uma mera terráquea. O tempo passou e me tornei uma adolescente. Mas haveria de ter alguma explicação lógica para me sentir um peixe fora do aquário, uma peça que não se encaixa ou sei-lá-o-quê-não-sou-daqui. Então foi a vez de ter a impressão de ser de outra época, pois eu sentia saudade de um tempo que não vivi. Quando assistia a filmes do século XIX me sentia mais ambientada que nos anos da minha adolescência. Meu jeito de ser combinava mais com tempos de outrora. E, hoje, a dois dias de completar meio século de vida, me convenço que estou onde deveria estar e que pertenço a este lugar. Na verdade sinto que sou um planeta habitado por muitas ideias e sentimentos. E como escrevi há algum tempo: Eis que vim envolta em Quatro Elementos - Sou maioria água, ser humano é assim. Sou fogo quando necessário. Sou terra, de mim brotaram frutos. Sou ar, minha imaginação me permite voar... Sou feminina e forte como a mulher Mãe Natureza! Por fim, todas as cismas que tive pelos anos da minha vida até aqui, serviram para me aguçar a imaginação, criando histórias inusitadas que ouso dividir com quem se arrisca a ler as minhas insanas letras!