Eu. Não "nós"
Foi mais fácil começar a te esquecer quando descobri que o que eu sentia por ti não era recíproco, mas me custou a longa viagem de várias lágrimas até perceber essa verdade. Os dias pareciam passar mais lentamente, as músicas cafonas agora faziam um sentido absurdo e o pior foi a minha incapacidade de escolher um som menos triste - minhas mãos pareciam congelar a medida que meus olhos encontravam algum que traria um efeito positivo sobre mim. É claro que te culpei por não me amar e por horas chorei pelo mesmo motivo, mas nosso fim também foi o fim da minha fé. Então, por que chorar por algo que nem sequer existe? Digo, o amor. Ele não existe. Engraçado imaginar que, um dia - muito distante deste - você pode acabar lendo isso tudo sabendo ter sido feito pra você. Fico pensando em quantas gargalhadas você daria por saber que eu realmente não sou feita de ferro. Entretanto, sei que minhas palavras não são do seu interesse e provavelmente jamais serão; não se preocupe, você não é o primeiro protagonista dos meus textos e tenho a certeza de que nem o último. E, bom, já sofri piores epílogos, acredite.
Mais uma vez me dispus a cair de um precipício por alguém sem ter a consciência do que encontraria em seu limite, ficou claro o quanto mereci esse desfecho. Não foi sua culpa - a responsabilidade é toda minha. Eu quem coloquei minhas necessidades abaixo das suas, eu quem coloquei meus amigos abaixo de ti e seus sentimentos muito mais acima dos meus. Sua punição deveria ser feita de acordo com a hipocrisia que depositou nessa relação. Só. O descuido final foi meu, por ter acreditados nos seus pretextos. Pra você saber, eu não choro mais quando ouço seu nome. E quando me perguntam de ti, não preciso mais morder o lábio e colocar os óculos escuros - apenas sorrio com ironia e eles percebem que segui em frente. Pode ter sido fácil por aí esquecer nossos planos. Eu, por aqui, tive alguma dificuldade com isso, confesso, mas veja só: fiz novos planos. Com novas pessoas.
Hoje lembrei de quando eu arrastava a ponta dos meus dedos sobre sua pele e inferi o quanto facilitei sua entrada e saída na minha vida. Dessa última vez eu pensei em não comer, pensei em bater o carro no poste ou a cabeça na parede, mas tem horas na vida em que se não pensarmos em nós, ninguém mais vai. Então, quando eu entendi que, onde um dia existiu amor só havia sobrado a mim, me obriguei a pensar nas minhas prioridades e não mais nas suas. Só espero não ter mais esperança alguma em ter você de volta, nunca, porque só um por cento de esperança reacenderia minha fé. E, bem, você sabe que o amor não faz meu tipo.