EU NÃO SOU CHARLIE

Perdoem-me os que discordarem, pois penso estar nadando contra a maré. Não estou defendendo o abominável, anacrônico terrorismo islâmico, o qual deve ser urgentemente extirpado da face da Terra. Também não sou contra a religião islâmica, mas contra a deturpada interpretação de seus ensinamentos, abarcando jovens em ideologia suicida, assassina e bárbara. Observando-se a história da humanidade - triste história - percebemos claramente que já houve terrorismo demais, como os horrores também perpretados pela Inquisição católica, pelas medonhas conquistas de exploração expansionista executadas principalmente pelos europeus na África, nas Américas, Ásia... também a perseguição nazista aos judeus, a escravidão negra e tantas guerras de dominação desde tempos imemoriais, que se perpetuam ainda hoje por meios mais sofisticados.

Mas por que não sou Charlie? Sou a favor da ampla liberdade de imprensa, mas contra o desrespeito ao sagrado. As religiões existem e sempre existiram em todos os grupos humanos conhecidos. As religiões cultuam o sagrado, possuem seus dogmas, suas crenças suas interpretações, por vezes ingênuas, das ligações entre deuses e os homens. Há que se respeitar a todas elas. Muito há, com criatividade, para se realizar o humor. Mas desta vez, penso que se extrapolou, e muito, o respeito pelo sagrado. A liberdade de alguém ou de um grupo termina onde começa a liberdade do outro. Já sabemos sobejamente o quão violentas são as ações de grupos radicais religiosos, o quanto de erros são cometidos - e foram - em nome de algum deus ou seus profetas.

Deve haver bom-senso em não ativar e despertar ódios de fanáticos e respeitar as crenças. Creio que os inteligentes chargistas do jornal satírico Charlie Hebdo (cujas mortes inúteis muito lamento) erram ao ridicularizar o sagrado, seja de qualquer religião. Sou totalmente a favor do humor e da sátira, desde que não se transformem em elementos detonadores das mais irracionais e tenebrosas ações provindas do obscurantismo. Não sou de extrema direita, nem de nenhuma "extrema".

NÃO ao irracional terrorismo e SIM ao livre bom senso humorístico. A sociedade não pode ser submetida à nenhum tipo de intolerância, seja ela religiosa, racial ou política. Sou plenamente a favor, repito, à preservação de importantes conquistas humanas, como a liberdade de expressão. Mas esta deve ser respeitosa, sem laivos de desprezo ou preconceitos.

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gajocosta
Enviado por gajocosta em 22/01/2015
Reeditado em 27/02/2017
Código do texto: T5110396
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