Uma cidade onde se cria as Leis, hoje vive sem Lei

Seu nome? Não importa, vamos chama-la apenas de B. Um B que deveria ser o sinônimo de bondade, boas vindas e bom te ver, hoje se transformou num P, P de pesadelo e porque você veio? Capital de um País, sede de todos os poderes, nosso Paraíso se transformou num Inferno, isso mesmo um Inferno com o i bem maiúsculo, com grande destaque para aqueles que ela comanda, ditando-nos regras e mais regras inescrupulosas. Não se espantem, eu já defendi essa cidade com unhas e dentes, mas hoje, quase sem dentes e com unhas atrofiadas, defendo-a apenas com minhas orações, isso quando consigo me concentrar nelas. Mas a culpa não é dela é daqueles que a tomaram para si como se fosse um troféu individual, que pudesse ser abocanhado e levado para casa.

Ah! B, quantas saudades sinto de quando aqui cheguei e te vi menina com apenas dez anos de vida, eu dez anos mais velho pensava que você ao crescer se tornaria a mais respeitadas das Senhoras, que tem por princípio governar com altivez e sobressaindo às demais pelo País a fora. Enganei-me, mas reconheço que o erro não foi seu e sim dos que de te deveriam cuidar e proteger ao invés de explorar e abandoná-la a sua própria sorte. Em te fiz morada, utilizei de te para procriar, para me firmar como cidadão honesto e amante das Leis que regem um País, para ser alegre no final da vida, agradecendo-te por me dar essa chance, só não esperava ter que compartilhar-te com os que hoje te usam para enriquecer burlando as próprias Leis que eles mesmo criaram. Como tenho saudade de quando ainda era moça e eu podia passear por te sem medo, apenas com a alegria de poder viver nos teus braços. Hoje trancafiado numa cela que chamo de casa, assisto a sua decadência, imposta e sustentada por alguns que te querem ver cada vez mais desacreditada. Quem deveria cuidar de te, não só te virou as costas, como ainda deixou em te a raiz do seu mau, querendo perpetuar em te a impunidade, a roubalheira sem fim, o descaso, como sempre fizeram ao saber que és a mãe de todas as Leis que nos regem e que deveria nos proteger.

Mas o lado bom é saber que dentre os lobos há também ovelhas, que aos poucos vão se impondo aos desmando dos lobos, tornando maioria e, sabemos que a maioria embora não meta medo, impõe respeito ao denunciá-los ao resto do rebanho. B, não fique triste porque apesar do pessimismo, ainda alimento a esperança de te ver um dia novamente como te vi ainda criança. As vezes penso em te deixar, mas meu apego a te me faz pensar melhor e ficar para colher os frutos da minha imaginação, de como seria ver-te, toda florida e de braços abertos esperando a paz reinar em te novamente. Um abraço B, seja feliz, contrariando a vontade dos que de te só querem aproveitar, para enriquecerem e depois irem morar num outro canto, levando o teu ouro nos bolsos ou nas contas correntes. Se não fosse uma cidade me casaria contigo, para cuidar de te melhor, porque a meu modo já cuido, mas não é o suficiente, não é o melhor. O seu B para mim representa bondade, boa vida e boas lembranças. Um abraço e até breve.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 22/01/2015
Reeditado em 23/01/2015
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