Por água abaixo

Sentado num banco de concreto, sentindo a calma pairar, o verde me cercava, parecia querer se mostrar, os passaros cantavam armonicamente, estavam a me encantar, o banco e a mesa em que meu corpo se confortava era revestido de lôdo, completamente, institivamente meus pensamentos fluem, a perfeição da natureza fundi ao ser imperfeito ali, eu.

Refletindo sobre tudo aquilo percebo o canto dos pássaros, simples criaturas, lindos. Quanto mais eu reparava, mais eu refletia, era como se estivesse no banheiro, sentado na privada... ops! Falando em privada, um pássarinho cagou em mim! FÉ DA PUTA!

Parece brincadeira e de certa maneira até é, mas perceba como aí tem uma certa critica ao nosso jeito de ser. Nós humanos somos seres sentimentais altamente maleáveis, toda aquela perfeição, tudo aquilo que eu sentia, todo aquele presente que a natureza me dava era sentido e eu agradecia e praticamente ajoelhava ao seus pés. O amor estava ali, podia sentir cada folha, cada galho, cada inseto, cada animal, cada grão de terra, porém um ser me cagou e tudo irônicamente foi por água abaixo, deram descarga naquele sentimente de armonia, uma certa raiva já pairava no ar, aquela beleza toda era ignorada pelo ser imperfeito, aquilo tudo ao meu redor era imperfeito, só me restava uma coisa, esperar a raiva passar e ir me lavar no banheiro.

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 02/06/2007
Código do texto: T510953