PÃO COM SARDINHA

Maria nasceu no campo, há anos atrás. Numa época em que se ia para a cidade fazer compra uma única vez no mês, portanto, o dia de ir para a cidade era muito esperado.

Sua mãe levava uma lista de compras imensa, afinal tudo era marcado, desde o arroz e feijão até as balas para os filhos. Lá iam eles felizes cantarolando uma musica de ciranda...

Eles não corriam escolhendo o que queriam, pois não havia supermercado. A mãe entregava o pedido anotado ao dono do comércio e ele ia colocando tudo em caixas de papelão ou de madeira.

Eles encostavam-se no balcão e ficavam esperando ansiosamente o momento em que “Seu Manoel” chegava às benditas balas. Ele as retirava do pote de vidro que ficava sobre o balcão, contava-as e sempre perguntava para a mãe:

-A Senhora quer dar umas balas para os meninos agora?

Eles olhavam com olhos suplicantes para a mãe...

-Sim pode dar uma para cada um!

-Só uma mãe?

A mãe os olhava, eles baixavam a cabeça e só a erguiam novamente para colocar a bala na boca. Respeitavam a mãe tinham receio de que ela deixasse para dar a bala apenas quando chegassem a casa. O avô morava com eles e o pedido do avô na lista de compras era uma lata de sardinha, e um pão “bengala” que ao chegar a casa ele abria ao meio, espalhava a sardinha no meio dele e comia avidamente. O avô não gostava que racionasse nada. No dia da compra se comia fartamente e ele sempre dizia com uma luz nos olhos e feliz:

- Come enquanto tem, quando não tem olha prá arriba

Wal Ispala
Enviado por Wal Ispala em 21/01/2015
Reeditado em 10/02/2015
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