O gosto do sorriso
Tarde de verão. Sons do Nordeste. Pessoa humilde. José não sabe os rumos que toma a política no Brasil. Conhece o nome e os sons dos pássaros. Com o pensamento de que logo vai poder plantar seu roçado, pula a cerca. Depois olha a vereda por onde deve ir para casa.
Em 1985, mais jovem e esperançoso, fora para São Paulo – ganhara o suficiente para voltar e comprar um pedaço de terra.
José gosta de dizer que “um homem tem saber o que quer”; ser um lavrador é ter a alma de sertanejo, e um logo se aprende quando vai chover.
Hum, vai ter um pé d’água para a noite.
De cima do morro avista a casa.
Pensa na família.
Ser um bom pai sempre foi a coisa que mais ansiou.
Sorri.
Ô menina linda a minha!
Só de pegá-la no colo passava o cansaço do fim do dia.
Também adora o feijão da esposa.
Pensa, então, na mesa posta na cozinha.
Mas antes olha para o nascente
Pelo gosto dos sinais da chuva.
Sentir a água molhando a terra o que mais quer.