SENTINDO NA PELE


Na última sexta-feira, o Jornal Nacional começou falando das mudanças climáticas em curso no mundo. Enquanto eu assistia, parecia-me que estava fazendo parte de algum daqueles filmes de ficção que falam sobre o fim do mundo, da falta d'água no planeta. De repente, eu me dei conta de que não era um filme: está acontecendo.

Antes, quando escutávamos algo sobre este assunto, a maioria dos verbos estavam no passado. Atônita, percebi na última sexta-feira que eles estavam todos no presente. Um grupo de cientistas criou um gráfico que vai de um a quatro a fim de medir a intensidade das mudanças climáticas, sendo que o nível um é o nível mais ameno, e o quatro, o mais crítico, que implica extinção de espécies, aquecimento global e falta de água. Bem, como num pesadelo, descobri que estamos no nível quatro.

O ano de 2014 foi o mais quente da história, e parece que 2015 não vai perder o recorde. Vivo em Petrópolis, cidade serrana conhecida pelo clima ameno e pela boa qualidade de sua água; na minha varanda, neste exato momento - 11:38 da manhã - o termômetro marca trinta graus à sombra, e a água das minas que abastecem as casas em minha rua, está secando. Temos pouquíssima água. A chuva que estava prevista para cair por aqui na próxima quarta-feira, não está mais lá na previsão do tempo; foi substituida pelo anúncio de chuva leve na quinta-feira à tarde. 

Passeando em Itaipava no último domingo, nos sentamos para tomar um sorvete e beber água. Enquanto eu tomava a água mineral gelada, fiquei pensando se poderemos desfrutar deste prazer em um futuro próximo... porque as mudanças climáticas e suas consequências já não fazem mais parte de histórias que "cientistas loucos" como James Lovelock e Tim Flannery contavam sobre o futuro: elas estão aqui. Está acontecendo.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 19/01/2015
Reeditado em 19/01/2015
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