Você esqueceu de me ensinar a te esquecer

Você me ensinou a gostar de coisas que eu jamais gostaria se não fosse você que tivesse incentivado. "Você tem que experimentar coisas novas.", eu ouvia. E experimentei uma bebida nova, uma comida nova e depois um amor novo - tudo por você.

Experimentei de um amor que me levou do fundo ao raso as mais diversas vezes. E quando você saiu da água, eu não soube continuar nadando; lembrei que foi o que faltou me ensinar: como nadar sozinha nesse mar que você me trouxe.

Agora na minha mente passam tantas frases que eu poderia te dizer pra acabar com essa sua felicidade hipócrita, porque eu sei que você também não aprendeu a andar sozinho nesse lugar onde até a areia te faz lembrar de mim e do quanto eu queria ter ido à praia, ao shopping, à praça ou à padaria se você fosse comigo, mas ficou claro seu desprezo por eu querer te colocar em primeiro lugar em toda minha vida e eu tive que fingir mais uma vez o que há meses eu fingia: que não sentia nada.

Quanto mais me olho no espelho mais eu vejo você em mim e no sofá, na cozinha, na cama. As vezes é engraçado porque eu te vejo em alguém e exclamo pra mim mesma que "eu conheço ele de algum lugar" - mas não conheço não, é só meu subconsciente falando por mim e não permitindo que eu esqueça de alguns jargões que você usava pra me fazer rir. Pensando nisso, percebo que o homem com quem converso não tem nada de você fora a barba mal feita e o cafajestismo - doloroso até pra mim.

Então eu acabo tomando um porre ali mesmo pra ver se eu consigo tirar você de mim mesmo que seja um pouquinho, porque viver transbordando você é quase uma morte pra quem não pode te ter. E se isso não é o suficiente, ainda hoje eu disse pro porteiro do prédio que se você passar por lá, é pra avisar que a porta tá aberta pra sempre. Mas bem no fundo eu sei que vou continuar acordando de manhã sem você na cama até entender que é preciso trancar a porta porque pra sempre é tempo demais pra ser perdido esperando.