Idosos: uma Reflexão
08.20h na emergência de um hospital particular.
- Maca ou uma cadeira de rodas, por favor!
- Um momentinho, senhora (momentinho que se estendeu por vinte minutos)!
Retorcida dentro do carro, decidi eu mesma buscar uma cadeira para a minha idosa de 90 anos, segurada de um plano de saúde.
Papeladas assinadas (40 minutos após a chegada), o médico a chama.
Anamnese concluída, permaneço no boxe.
Uma senhora em torno de setenta anos, ao lado, pede ajuda para ir ao banheiro. Ninguém responde.
- Posso ajudá-la? Seguro o soro entre a porta até que a Senhora se ajeite. E assim fizemos. Uns vinte minutos depois chorava ao celular implorando a presença do filho no hospital, pois que estava sozinha. Soube, mais tarde, que o filho se recusou: estava na praia.
Do outro lado percebi outra senhora que respirava com dificuldade. Notei uma cintura alta a pressionar-lhe o abdômen. Fui à técnica de enfermagem e comentei o fato. Não seria melhor afrouxá-lo?
- Não sei o que ela tem!
O mesmo que dizer: “Tô nem aí”!
Eu, sempre intrometida, fui direto ao seu boxe. Afrouxou. Alta em 20 minutos.
E a minha idosa?
Exames, exames, exames. Sangue, urina, R-X num vai e vem desconexo de informações administrativas.
Fadiga!
16.00h
Finalmente liberada. Apenas uma infecção urinária.
O motivo da emergência: lúcida, orientada e voluntariosa, decidiu não comer. Totalmente dependente, sem condições de sustentar o tronco, com a deglutição preservada sentia-se enjoada da comida: limitava-se à dieta complementar em tempos de verão: sorvete, iogurte, água de coco...
Depois do susto entendeu que comer era a única solução e recuperar o peso, hoje em 33 kg , urgência.
Quanto a mim, aprendi um tanto mais sobre a solidão e o desrespeito aos idosos.
Sorri quando o médico a liberou e disse: parabéns, os resultados dos exames demonstram o quanto ela é bem tratada!
Rogoldoni
17 01 2015
08.20h na emergência de um hospital particular.
- Maca ou uma cadeira de rodas, por favor!
- Um momentinho, senhora (momentinho que se estendeu por vinte minutos)!
Retorcida dentro do carro, decidi eu mesma buscar uma cadeira para a minha idosa de 90 anos, segurada de um plano de saúde.
Papeladas assinadas (40 minutos após a chegada), o médico a chama.
Anamnese concluída, permaneço no boxe.
Uma senhora em torno de setenta anos, ao lado, pede ajuda para ir ao banheiro. Ninguém responde.
- Posso ajudá-la? Seguro o soro entre a porta até que a Senhora se ajeite. E assim fizemos. Uns vinte minutos depois chorava ao celular implorando a presença do filho no hospital, pois que estava sozinha. Soube, mais tarde, que o filho se recusou: estava na praia.
Do outro lado percebi outra senhora que respirava com dificuldade. Notei uma cintura alta a pressionar-lhe o abdômen. Fui à técnica de enfermagem e comentei o fato. Não seria melhor afrouxá-lo?
- Não sei o que ela tem!
O mesmo que dizer: “Tô nem aí”!
Eu, sempre intrometida, fui direto ao seu boxe. Afrouxou. Alta em 20 minutos.
E a minha idosa?
Exames, exames, exames. Sangue, urina, R-X num vai e vem desconexo de informações administrativas.
Fadiga!
16.00h
Finalmente liberada. Apenas uma infecção urinária.
O motivo da emergência: lúcida, orientada e voluntariosa, decidiu não comer. Totalmente dependente, sem condições de sustentar o tronco, com a deglutição preservada sentia-se enjoada da comida: limitava-se à dieta complementar em tempos de verão: sorvete, iogurte, água de coco...
Depois do susto entendeu que comer era a única solução e recuperar o peso, hoje em 33 kg , urgência.
Quanto a mim, aprendi um tanto mais sobre a solidão e o desrespeito aos idosos.
Sorri quando o médico a liberou e disse: parabéns, os resultados dos exames demonstram o quanto ela é bem tratada!
Rogoldoni
17 01 2015