Para mim, a atitude de escrever é solitária, comprometedora e com resultados imprevisíveis!

     O pior momento para o autor é ver no dia seguinte, seu texto confirmando, depois de se lascar escrevendo, muitas vezes o óbvio, aquilo que não precisaria de nenhum visionário para dizer que vai acontecer, bem na contramão daquilo que desejaria anunciar ou denunciar, o que era só probabilidade de vingança, se concretizando através de manifestações violentas por toda a Europa, ao som das armas da intolerância e do terrorismo.

     Revide prenunciado, literalmente, na crônica “Então... Chargearemos!”,  neste legítimo “ Recanto das Letras”, publicada  por mim, alardeando que o terror não bateria em retirada, enquanto a Revista Charlie continuasse  cutucando os extremistas com a ponta mais fina do lápis,  redesenhando velhas feridas com novos rancores, complicando ainda mais as relações entre os povos.

     Os judeus franceses estão em pânico, retornando para Israel alegando que lá, é região de conflitos permanentes, sabem como se defender e, na França, hoje, não se sabe quando vai ser sequestrado, morto ou torturado.  Quem dorme com os estrondos do terror explodindo seus sonhos, inesperadamente!?

     Dizem por aí... “Se conselho fosse bom, não seria de graça”, discordo porque nem tudo que é pago é bom, aliás, pagamos caro por muita porcaria com impostos excessivos... Mas pretensamente, ouso externar que, se há uma maneira de manter os companheiros de sátiras vivos na memória, será através da reflexão e de ações de tolerância na sequência das novas publicações que, segundo palavras e gesto de mão fechada, soqueando o ar, do Papa Francisco: “... Se alguém ofende sua mãe, a reação  imediata é de revidar com um soco...”, prato cheio para as maledicências dos beatos e beatas de plantão nas redes sociais. Alerta geral! Francisco não está incitando a violência, muito pelo contrário, está ponderando sobre atitudes tomadas a partir da gravidade dos últimos acontecimentos!

     Os jornais publicizaram hoje, que nas cerimônias fúnebres das vítimas do atentado, ao invés dos costumeiros discursos inflamados; os parentes, amigos e fãs, se deixaram levar pela emoção, chorando copiosamente.

     Tomara que nesses momentos de dor e afloração de sentimentos de finitude, de impotência e de vulnerabilidade que estamos sujeitos, possamos repensar onde tudo começou e para onde rumamos com tudo isso, caso não dermos um basta à arrogância e ao radicalismo doentio, que teima em corroer nossa essência.

     Não se trata de briguinha entre crianças!  Racionalmente, sem esperar a mudança do seu algoz, com maturidade e muita sabedoria, pode-se reverter essa queda de vários braços, evitando uma catástrofe nas relações internacionais e, o que é pior, na morte física e psíquica de inocentes, amenizando os conteúdos, apostando no cuidado com a vida e na criatividade em fazer charges que venham humanizar a humanidade.

     Não se trata de editar meias verdades para gargalhar pela metade. Queremos e precisamos sim, da luz do senso crítico e não da mordaça do senso comum... Queremos e podemos  para isso, usar toda a nossa criatividade  e muita habilidade para conscientizar e transformar para “melhor” a sociedade,  através  de sátiras inteligentes, respeitosas e ao mesmo tempo educativas.

     Feito o carreto da Paz... “Salva de palmas prolongadas”, não só para a expectativa de ponderação dos chargistas e dos radicais, mas para a restauração da civilidade de todos os moradores desse mundo de grandes possibilidades!

     Se para você, escrever ou registrar o pensamento não é um ato solitário, tudo certo...  É a liberdade individual do leitor de contradizer!

     É razoável para você, concordar que faria diferença, a leitura conjunta dos múltiplos pensadores deste mundo, entre eles e principalmente, todos os que se dizem e são professores, sobre todos os acontecimentos deste século, que ainda engatinha, mudaria paradigmas e o rumo dessa prosa?!