A Europa está em polvorosa com as ondas que espalham velhas chagas de terror. Insurge-se eterno movimento em defesa da liberdade de expressão. As pessoas vão às ruas. Os governos se incluem nas marchas. Os meios de comunicação aproveitam para afirmar convicções. E a força da violência se alastra. Impõe-se, ainda mais, sob a desculpa do combate ao terrorismo.
Pobres europeus. Pobres de espírito.
Pobres europeus. Pobres de espírito.
Sou pacifista. Tenho calafrios quando seres humanos utilizam a força, a violência física, até mesmo a violência das palavras, agressões de qualquer tipo, para tratar suas diferenças.
Até gostaria de me engajar nas manifestações. Mas, a que pode conduzir o irresponsável espírito de massa? Não estão falando em soluções, em convivência, em tolerância.
Procurei ler sobre a revista Charlie Hebdo. As declarações de Charb, um dos chargistas vitimados, demonstra seu espírito gratuitamente agressivo. Ele se referiu aos islâmicos, em certo momento, como "idiotas extremistas" que, em sua avaliação, não representavam a população muçulmana francesa (acho que poderíamos excluir a palavra “muçulmana” que encontraríamos o verdadeiro pensamento do chargista). A revista, dizia o editor, estava certa em desafiar os islamistas para "tornar a vida deles difícil, tanto quanto a nossa." Dominado pela fúria da luta (sem armas de fogo, evidentemente, mas com a sua palavra e arte), ele afirmava: “é arrogante dizer isso, mas eu prefiro morrer de pé a viver de joelhos." Nas palavras de Charb, entendi que prostrar-se de joelhos seria tentar compreender a essência humana diferente da sua.
O que a Revista Hebdo produziu, desculpem-me, também representa a intolerância. Algo feito apenas para agredir. Isso é notório, na primeira observação. Na outra ponta da história, atos de malucos extremistas, assassinos, que retiraram a vida de artistas e profissionais foram ainda mais graves e repugnantes. Não há o que discutir quanto aos pesos tão diferentes dessas agressões.
E a marcha dos europeus (talvez do mundo) será pela “Liberdade de Expressão”.
Até gostaria de me engajar nas manifestações. Mas, a que pode conduzir o irresponsável espírito de massa? Não estão falando em soluções, em convivência, em tolerância.
Procurei ler sobre a revista Charlie Hebdo. As declarações de Charb, um dos chargistas vitimados, demonstra seu espírito gratuitamente agressivo. Ele se referiu aos islâmicos, em certo momento, como "idiotas extremistas" que, em sua avaliação, não representavam a população muçulmana francesa (acho que poderíamos excluir a palavra “muçulmana” que encontraríamos o verdadeiro pensamento do chargista). A revista, dizia o editor, estava certa em desafiar os islamistas para "tornar a vida deles difícil, tanto quanto a nossa." Dominado pela fúria da luta (sem armas de fogo, evidentemente, mas com a sua palavra e arte), ele afirmava: “é arrogante dizer isso, mas eu prefiro morrer de pé a viver de joelhos." Nas palavras de Charb, entendi que prostrar-se de joelhos seria tentar compreender a essência humana diferente da sua.
O que a Revista Hebdo produziu, desculpem-me, também representa a intolerância. Algo feito apenas para agredir. Isso é notório, na primeira observação. Na outra ponta da história, atos de malucos extremistas, assassinos, que retiraram a vida de artistas e profissionais foram ainda mais graves e repugnantes. Não há o que discutir quanto aos pesos tão diferentes dessas agressões.
E a marcha dos europeus (talvez do mundo) será pela “Liberdade de Expressão”.
Agora, eles buscam argelinos, muçulmanos, imigrantes. Desses, quem piscar o olho de uma forma diferente poderá morrer nas mãos das polícias. Armas, armas, intolerância, caçadas com intuito de matar. Elogios aos matadores oficiais.
Pobre mundo.
Pobre mundo.
Ninguém foi às ruas para defender a paz. Ninguém foi às ruas para abominar o etnocentrismo, o extremismo e a violência. Ninguém pediu pela tolerância (de todas as partes). Não sou muçulmano, não sou europeu. No máximo, serei mais um Jean Charles da Silva e de Menezes, sem qualquer direito a defender.