ENTRE A VIDA E A MORTE

Desde que nascemos nós somos induzidos a conviver com as perdas.

Ao mesmo tempo em que ganhamos, também estamos perdendo. Afinal, ao nos ser concedido algo, esse algo retira de nós outras possibilidades.

Isso também se dá em relação à nossa vida: dia após dia, as pessoas vão sendo retiradas de nós. Quer seja por motivo de mudança de área, de estrato social, de bairro, de cidade, de estado, de país, quer seja por motivo de morte.

Dessa forma, nossos dias são compostos de intermináveis despedidas.

Embora muitas vezes outras pessoas cheguem em substituição àquelas que por razões diversas nos deixaram, aqueles laços de amizade, de amor, de carinho, de reciprocidade etc., vão sendo desfeitos e nem sempre se atam novamente.

Não há mais os mesmos elos de outrora e assim vamos nos despedindo de pai, mãe, tios, tias, primos, amigos, vizinhos, irmãos.

A vida então passa a não ter mais o mesmo brilho de antes e nós somos cada vez mais compelidos a aceitarmos com mais naturalidade a própria morte. Afinal, uma vez que nos são retirados os nossos mais expressivos vínculos, nossas raízes também perdem força e profundidade.

Com a idade avançada passamos a não ter mais o mesmo olhar para as pessoas e coisas, pois, pelo dinamismo do mundo, tudo muda o tempo todo e em algum momento perdemos a conexão e não conseguimos mais acompanhar o ritmo e vamos nos desconectando da própria vida.

A saúde vai-se deteriorando, decaindo a cada dia.

Todo esse processo pode ser triste, deprimente e quase sempre o é, devido às nossas fraquezas enquanto seres humanos. Mas Deus, na Sua Suprema Sabedoria, organizou tudo dessa forma, para que aprendêssemos a nos desapegar e a nos preparar para a transição tão necessária à continuidade da própria vida. E essa transição só se completa com a morte.

Isso posto, resta-nos, enquanto ainda podemos, cuidar bem da nossa saúde, aproveitar ao máximo o melhor convívio com as pessoas e uso das coisas a nós dispostas para nos ajudar nessa jornada e com elas e sob as Graças de Deus, seguirmos nossa caminhada da melhor forma que nos for possível.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 14/01/2015
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