GENE OINO

É surpreendente o desenvolvimento e o progresso da medicina e das ciências biológicas nas últimas décadas. É notável quando o ser humano se predispõe a estudar, pesquisar e colocar em prática o dom divino de desvendar os mistérios da vida no intuito de promover a sua sobrevivência com mais saúde e dignidade – nestes casos específicos, até merece ser chamado de “homo sapiens”.

Particularmente, me encanta a profusão de estudos e pesquisas teóricas e práticas sobre os genes. Aquele trequinho pequeno – que estudei “en passant” nas simplórias aulas de biologia da escola secundária – atualmente parece ser a solução de todos os problemas da humanidade. Solução para a fome, com a maior produção de alimentos; para a cura de inúmeras doenças raras e degenerativas; para o retardamento da morte e muitas outras alternativas para uma vida melhor.

Os cientistas já conseguiram isolar tipos de genes que são inimagináveis aos leigos como eu. Alguns, aparentemente com uma importância real para o homem, tais como: foi isolado um gene que diminui o risco do diabetes; igualmente ocorreu com aquele gene perverso que provoca o câncer de mama; um outro então é vital, pois permite a renovação das células-tronco; descobriram até um bichinho destes que promove a depressão – a doença da moda; há um destes genes detectados pelos potentes microscópios que foi denominado de gene emagrecedor. Este, inclusive interessa sobremaneira pois evitaria meu tremendo desgaste e abatimento em andar quilômetros na esteira e ainda ter que comer parcas porções de moqueca de peixe quando vou até Salvador visitar minha família.

Porém, algumas destas experiências com os pobres ratinhos de laboratório, não me parecem fazer qualquer sentido – até me provocam sonoras gargalhadas. Vejam se tenho razão: desligaram um gene do Mal de Parkinson, e descobriram que este genezinho maroto tornou o rato mais esperto. Este gene com pinta de malandro recebeu a alcunha de Cdk5. - parece até número de conta de Bancos num paraíso fiscal Deve ser por isso que é esperto! ; dias atrás acharam um gene que detecta a sensação de frio. Colocaram até alguns ratos para andar numa barra de gelo e as coitadas das cobaiazinhas nem reclamaram e nem pediram agasalhos. Depois da lúdica experiência, um dos cientistas disse que, na verdade, os pobres roedores não sentiam o frio mas estavam sujeitos às doenças causadas por este mesmo frio (?????).

No reino animal então, existem experiências incríveis: foi detectado o gene que faz com que a vaca – àquela do boi, seja dito – produza um leite com baixo teor gordura. Gostei deste genezinho diet! ; um afamado especialista conseguiu cercar e acuar o gene que faz com que o Poodle – sim, o cachorro – tenha o tamanho de uma de bolsa. É o gene chamado de IGF1. Deve servir para que as madames carreguem os seus mascotes junto com o batom e o celular.

Acho que já escrevi demais para uma crônica e por isso vou logo ao ponto crucial da minha indagação: se os cientistas têm esta capacidade toda de bisbilhotar o nosso corpo, porque não resolvem logo todos os problemas da humanidade procurando e isolando o genezinho que provoca o amor, ou um genão que desenvolve a compaixão no ser humano. Seria também louvável que tivessem um encontro bacana com o gene que promove a solidariedade entre os homens. Creio eu que, injetando doses maciças destes genes em todos os humanos nós mataríamos todos os problemas de uma cacetada só. Não sei se concordam!

Porém, antes de encerrar eu não poderia deixar de fazer uma última sugestão aos grandes cientistas e biólogos brasileiros: porque vocês não estudam a possibilidade de detectar e depois desligar todos os genes que promovem a desonestidade no ser humano - imaginem o tamanho do beneficio desta aplicação prática para a política brasileira. Poderíamos ter uma nova geração de políticos, com estes genes malditos e perniciosos totalmente desativados fazendo com que, milhões de reais fossem poupados em benefício do povo brasileiro. Muitas vidas seriam salvas e outras mais teriam mais dignidade em viver.

Por favor! Isolem, prendam ou cortem mesmo, estes genes da roubalheira. Se não tiverem um bisturi na hora, que seja na navalha mesmo.