REAGIR NÃO, MUITO MENOR RESIGNAR-SE
As pessoas já nascem resignadas, aquilo que nos inquieta, nos indigna, faz parte da vida de outras pessoas como se fossem da rotina e assim são aceitas sem o menor sinal de insatisfação.
Depois das 10 horas costumeiramente coloco os cães no jardim, enquanto entre um mate e outro vou assistindo uma aula de Postgres, pela fresta da porta controlo os dois para que não cavem buracos.
Ontem a noite embrulhei alguns vidros para proteger o pessoal que recolhe o material reciclável. Ouvi barulho de vidros e garrafas e de pronto os cães começaram a latir, então dei uma espiada e era uma jovem viciada em crack que estava rasgando todas as sacolas da vizinha passando para as minhas. A vizinha saiu para reensacolar e eu decidi esperar.
Enquanto ela providenciava, do outro lado da rua uma moça caminhava pela calçada, quando estava bem na frente das nossas casas uma motocicleta que vinha no mesmo sentido deu uma guinada na direção dela e um deles gritou passa o celular. Foi muito rápido mas ainda deu para que eles olhassem à vizinha com um olhar mesclado de ameaça com inspeção para ver se não havia algo que pudessem roubar. Possivelmente ela viesse dedilhando o aparelho, mas isto não posso afirmar, embora ela tivesse com ele nas mãos, pois o ato de alcançá-lo aos bandidos foi muito rápido.
Eu na fresta, nem armado estava, para variar o celular estava carregando, não pude fotografá-los, nem chamar a polícia.
A vítima continuou na mesma passada, não esboçou nenhum movimento no intuito de pedir socorro, não pediu para que ligassem à policia, não pediu um copo d'água, não enrubesceu-se, desapareceu.
Eram dois indivíduos magros, de bermudas, pernas finas e escuras, não lembro de mais nada, nem vi se mostraram alguma arma.Faz muito tempo que não passa uma viatura da polícia por aqui, talvez uns 30 dias, quando assaltaram um taxista. É assim, só aparecem depois do leite derramado, quando aparecem.
Certamente que ela nem registrou o roubo e assim as pessoas já vão nascendo resignadas.