EU, NOS ANOS 80.
Em Bauru, minha cidade natal, nos anos 80, quando era um adolescente crítico, ouvia falar muito em robótica, nanotecnologia e tecnologia de ponta para o futuro. Hoje, sendo reflexivo, vislumbro um mau presságio do resultado daquilo que entendia por profecia futurista.
O homem amalgamou um universo eletrônico inseparável de sua vida. Atualmente, é mais difícil conviver com gente de carne e osso do que com pessoas fictícias e “desconhecidas”, geradas em um “bate-papo” virtual dentro de um microcelular ou mesmo em um minúsculo notebook. São esses nossos “amigos diários e inseparáveis” que, quando “desconectados”, sentimos demais sua falta.
Percebi, também, que Facebook vicia mais que cachaça de boteco e o calor humano “já era”, pois esfriou de vez! As pessoas estão mais preocupadas em visualizar quantas “curtidas” recebem em seus “posts”, no “Face”, ao invés de curtir uma conversa cara a cara com seu amigo, ao lado. Saiba que não adianta tentar falar com quem está recebendo um sinal de “SMS” ou mensagem no Whatsapp, pois você ficará em segundo plano e, embora esteja próximo a essa pessoa, ela estará a mil anos-luz de você! É a globalização, caro amigo!
Daí, olhando para o alto e vendo o azul do céu, pois o homem ainda não conseguiu mudar sua cor, perguntei, de forma introspectiva: o que o futuro reserva a essas crianças que cuidamos nas creches, hoje? E aos alunos com quem trabalhei, nos primeiros anos do Ensino Fundamental? Será que daqui a uns vinte ou trinta anos teremos adultos-zumbis, entregues a um mundo tecnológico e paralelo à realidade? Sofreremos o revés da busca desenfreada de uma tecnologia sem critérios? Quisera Deus permitir uma restauração tecnológica que tivesse, além de outras coisas, o objetivo da união física e mental entre os seres humanos, em larga escala!
E, continuando minha reflexão, lembrei e acabei falando comigo mesmo, em voz, razoavelmente,baixa:
“Ai que saudades do meu motoradio, de ouvir o som do Raul Seixas no vinil, de andar de moto sem capacete e de jogar futebol com bola de capotão com meus amigos verdadeiros, substancial e, puramente, reais!”