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A Luz Acabou! 

(crônica publicada em fevereitro de 2014 em meu blog A casa & a Alma)

Nem houve uma tempestade; eu esperava pelo último aluno do dia, quando mais ou menos às seis e trinta da tarde de repente a luz acabou. Meu marido já tinha avisado que chegaria um pouco mais tarde, e percebi que teria que ficar esperando por meu aluno sozinha no escuro - isto é, com a Latifa, que por incrível que pareça, também não gosta da escuridão.
 
Ainda havia a luz do crepúsculo, o que me deixou tempo suficiente para procurar velas e fósforos. Acendi as velas da varanda, três castiçais que pendem das vigas do telhado. Depois, acendi as velas que tenho sempre em volta da lareira e as seis velas dos castiçais da sala de jantar; ainda acendi uma outra sobre a pia da cozinha e mais uma na mesinha de centro da sala de estar; pronto!
 
Fui lá para fora aguardar a chegada do aluno, já que a campainha não estava funcionando por falta de eletricidade. Esperei, esperei... e ele estava bem atrasado; consegui trocar mensagens e decidimos cancelar a aula, já que a luz não voltava. 
 
Suspirei fundo: já estava bem escuro por volta das sete horas. Da garagem, olhei para a casa iluminada pelas velas, no meio da escuridão total e absoluta do jardim. Aqui, quando a luz acaba, fica tudo negro. O céu estava nublado e não dava para ver as estrelas ou o luar. Senti um certo pânico, pois não gosto de escuridão. Mas de repente, passou um vaga-lume, e depois outro. Fiquei encantada, olhando-os... esqueci do meu medo de escuro.
 
Desci as escadas e entrei na casa. A luz de velas dava a tudo um ar solene e mágico. Sentei-me no sofá, olhando em volta sem sentir qualquer desconforto. Lá fora, a escuridão parecia ser uma barreira que transformava minha casa em algum lugar separado do mundo real, isolado na atmosfera alternativa de alguma terra distante.
 
Adormeci, e quando despertei, a luz havia voltado. E eu estava de volta ao mundo real. Levantei-me e fui apagar as velas.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/01/2015
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