CARTA PARA CARLOS COSTA FILHO (7 de janeiro de 2015)
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Meu querido e amado filho:
À noite, quando o vejo correndo atrás de uma bola com os colegas na quadra do Condomínio Mundi, recordo você correndo em seu velocípede com sua “Mia” indo rápido atrás para que não caísse ou correndo amarrado em fraudas na cintura, porque ainda não sabia caminhar direito: só engatinhava e já queria correr!.Meu filho, você era peralta quando começou a engatinhar, mas ficava quetinho em seu berço! Mais tarde, dirigindo seu jeep elétrico no Condomínio Florença Residencial Park, dando carona às duas filhas do advogado Francisco Cloacy, o “Chicão”, um boêmio com o qual eu convivia nas tardes sonoras na área de lazer ouvindo os boleros do senhor Claudionor Santos, com seus excepcionais CDs. Ah, meu filho, como você cresceu! Está mais alto que eu, mas a vida lhe continuará ensinando. Como o tempo voou e eu e sua mãe voamos junto até que, aos 46 anos, sofri um empiema cerebral foi operado pela primeira vez. Fiquei infectado por bactérias hospitalares e fui saindo devagar de sua vida.
Também lembro das vezes que Miraceli Ferreira, passava álcool em seu rosto de pele frágil para não deixá-lo empolado com o toque de minha barba ao beijá-lo. É, como o tempo passa e é cruel, mas é a melhor escola que você terá em sua vida. Eu e sua mãe envelhecemos os seus 17 anos e você está começando a viver e não sabemos se teremos tempo para ver você enfrentando a vida com altivez, terminando sua faculdade e desenvolvendo sua atividade profissional, seja lá qual for, com determinação, honra e caráter.
Ontem, você era apenas uma criança. Hoje, completa 17 anos e quantas coisas você viveu, sem saber ou lembrar que vivera! Quantas lembranças boas da infância nos deixou, sem saber que as deixava. Gostava de andar de ônibus com a sua “Mia”, a mãe 2, indo nos consultórios médicos, em suas consultas. Quando o beijava, Se eu a beijasse ao chegar do trabalho, você ria muito, mas a “Mia” não gostava que lhe beijasse no rosto rosado e rechonchudo. Lá vinha ela passando álcool para que você não ficasse empolado com contato de minha barba negra com seu rosto ainda de pele frágil e muito sensível. Quantas lembranças agradáveis e esquecidas em sua mente infantil você nos deixou. Ontem, lhe dava mamadeira no colo, colocava no berço e lhe fazia dormir assistindo o Teletubes. Quando despejava o resto de seus alimentos ou sua urina na fralda descartável, gritava e chamava “Mia, tá cocô” “acho tá xixi”, se escorando na parede da casa ou, ainda, quando levava o dedinho rumo à tomada, olhando para babá, dizendo “não pode, né, Mia, né que nenê não pode colocar o dedo aqui porque dá choque?”, Você nunca levou um choque, meu filho! E hoje usa seus dedos longos para jogar vólei! Dormindo, você caiu do berço, quebrou a clavícula e voltou a dormir calmamente. No dia seguinte, a Miraceli Ferreira, percebeu que você chorava e perguntou: “O que aconteceu com o Carlos Filho? O levamos em urgência para a Unimed, mas não quiseram lhe atender porque, no desespero e pressa em socorrê-lo, esquecemos sua carteira e exigi o direito de atendimento de urgência a qualquer paciente e lhe engessaram todo! Miracele lhe passava uma escova para coçar suas costas.
A agilidade com que você usa seu aparelho celular é a certeza que temos que você nunca o colocou na tomada. É...Carlos Filho e por isso os usa, hoje, tão rápido vólei que joga e nos esportes que pratica. O tempo passou rápido demais, mas recordo quando você ouvia músicas ou programas infantis em seu berço. Depois aprendeu a colocar a sua fita predileta no videocassete, sozinho mesmo sem saber ler. Quando ainda no ventre de sua mãe, você chutava muito, e eu, acariciando a pele que lhe encobria, cantava a música “....era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolings Stones...” e você passou a cantá-la quando começou a falar. Era sua música predileta! Eu e você, assistimos muitas vitórias do piloto Airton Senna, pela TV e passou a gostar de Fórmula 1, mas nada entendeu porque o Brasil chorou sua morte!
A Yara Queiroz, o transportou no ventre para todos os lugares que se dirigia: trabalho na ALE, faculdade, reuniões de estudos. No dia da formatura, você esteve presente e participou de toda a solenidade de colação de grau em Direito, em um calor infernal no Auditório do Centro de Comércio da Zona Franca de Manaus – Cecomiz, durante a crise de energia elétrica na cidade de Manaus. Você nasceu e, emocionado, pedi ao médico para filmar todo o parto até o horário em que ele fixou no relógio e parou porque teve que ajudar a equipe, porque você nasceu todo roxo, enlaçado no pescoço pelo seu cordão umbilical Eram 9:15 da noite do dia 07 de janeiro de 1998 e sua mãe, antes de lhe ver e sem poder falar, escreveu “Como ele é, é grande?” Eu respondi que era lindo, pesou mais de 3 quilos e nos fez feliz. Sua irmã, Isabella Queiroz, telefonou para saber se você já tinha nascido! Disse que já e que era fofo!
Deixamos a casa do Campos Elíseos, em cujo quintal você corria feliz, e mudamos para um apartamento em 2000. Fui socorrido pelo engenheiro ambiental Luiz Cláudio, quando lhe pedi para esquentar sua mamadeira. Você cresceu uma parte no Florença, outra no Geneve, depois no Nau Capitania e está vivendo agora no Mundi, com muitos amigos. Não havia uma só pessoa que não lhe achasse fofinho e sua madrinha de batismo, Vera Queiroz, que foi a madrinha de casamento com seu esposo Carlos Coutinho, lhe chamava de “meu gordinho”. Sua “avó gordinha”, como a chamava, Maria Luíza de Souza Queiroz, o consagrou ao “Divino Espírito Santo” e foi a primeira pessoa a vê-lo, quando sua mãe deixou a Maternidade da Unimed, na Constantino Nery. Depois, foi a sua “Mia”, que cuidou de você por 12 anos!
Ah, meu filho, são tantas lembranças gostosas que você nos deixou e ainda nos deixa! No Maternal Floresta Encantada, em seu primeiro dia de aula, chorava muito sua mãe chorava também e dizia que ia lhe tirá-lo da alfabetização. Eu respondia que no início era assim mesmo, mas depois acostumaria. Fui lhe deixar no Maternal, tive que entrar na sala e fui saíndo aos poucos, enquanto brincava com seus coleguinhas. Você quando não me via, chorava. Eu voltava e você sorria, mas novamente chorava e eu aparecia e ria de novo.... E assim fui saindo para trabalhar.
Nós aprendemos muito com você! Obrigado Carlos Costa Filho por existir em nossas vidas! Ficamos felizes porque você estava feliz com seus amigos, no dia do seu aniversário! Nós o ensinamos, mas a vida é que lhe ensinará completamente porque só o dia a dia é capaz de nos dar lições para a eternidade. Siga com fé em Deus e você será feliz, nosso filho amado, querido e esperado.