A moça “cheinha”.

Naquele dia quando Maria se olhou no espelho viu mais uma vez o que não desejava ver:

-Uma Frankenstein!Mas não o monstro criado por Mary Shelley,uma Frankenstein moderna que tinha os olhos claros da mãe, os lábios sedutores e carnudos do pai,os pequeninos pés da avó materna...Mas a voz forte e sonora, ah...Isso era dela mesma!Não havia outra voz igual em todo planeta Terra. Inconfundível. Quando falava fazia com que todos olhassem em sua direção. Era hipnotizante... Mágica!O cabelo cacheado ia até a altura da cintura, com seu andar cadenciado, jogava-o de um lado para o outro quando caminhava.

Era linda!Mas o homem que ela amava ia casar-se com outra. De que lhe adiantava ser linda (como diziam), se ao invés de atrair, afastava as pessoas, o homem que queria julgava não ser merecedor de tanta beleza.

Então Maria desejou ser uma “moça comum” de olhos castanhos, cabelos curtos e até meia “cheinha”, Maria desejou não ser o que refletia em seu espelho, Maria queria ser como a “outra” que ia casar-se com seu amor.

Queria ser aquela garota de riso fácil de voz mansa, daquelas que se ouvem todos instantes e jamais se cansa que não se vira a cabeça para olhar, mas vira a cabeça de quem a amar.