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Você se lembra da bola de capotão?

Quando eu era criança acho que a palavra mesada nem existia. Para comprar o que a gente queria, tinha de se virar. Ainda bem que não havia muita ambição. Os nossos sonhos eram simples. Umas figurinhas, bolas de gude, papel para balão e papagaio e – isso era importante – doces da venda. Para quem era bom em “bater bafo”, era fácil colecionar as figurinhas sem precisar comprar aquelas balas em que elas vinham enroladas. E quem era bom na pontaria, juntar um monte de bolinhas de gude era moleza, mas para conseguir material para fazer balão e comprar doce, não havia outro jeito. Era necessário trabalho duro. Um deles era costurar bola de capotão. Algum adulto pegava os gomos de couro na fábrica e distribuía para a molecada. A gente colocava duas do lado avesso, segurava com os joelhos, ensebava bem o barbante e, com duas agulhas enormes passando em direção contrária pelo mesmo buraco, ia montando a bichinha. O duro mesmo era no final, os dois últimos gomos. Num deles estava a câmara de borracha. A gente tinha de desvirar tudo, deixar a válvula do lado de dentro e dar os últimos pontos. Trabalho de artista.
Eu tinha até me esquecido disso tudo. O dinheiro era uma miséria. Mas as figurinhas, os doces e tudo mais, eram também uma miséria.

Tempo bom. Não volta mais.

 
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Essa vida da gente
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 10/01/2015
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