Pensar, pensar, pensar...

Não sei quando dei por mim a pensar na vida. A imaginar como muitas vezes nós deixamos de fazer aquilo que nos tornam únicos e diferentes dos animais: a capacidade de pensar. A capacidade de pensar na vida e nos reinventarmos com uma significativa mudança em nós mesmos. Não lembro em que momento percebi que a vida é uma permanente reinvenção - aliás, o mundo necessita tanto de uma reinterpretação, um giro de volta ao eixo, talvez para que tudo seja melhor daqui para frente. Não sei de onde saiu esse lampejo de filosofia em mim - porque eu não sou desses que fazem da vida uma caixinha de surpresa ou transformam tudo em poesia. Sou um maníaco por tudo o que é certinho, cotidiano, normal. Gosto da realidade! Talvez tenha sido isso. Talvez tenha sido o cansaço desta monotonia simplória tão massificada, desta rotina que nos soterra na corrida desenfreada pela banalidade, deste tédio que nos cerca e faz com que esqueçamos de viver, que eu decidi sacudir um pouco a poeria e lembrar que eu e todos estamos vivos. Ou pelo menos, deveríamos estar... Então compreendi que tudo estava organizado. Porém, não é esta a organização de vida que busco. Apesar de todos os medos não devemos ser demasiadamente fúteis a ponto de nos acomodarmos. Temos que libertar a criança traquina que existe em cada um. Afinal, a vida não é um livro de receitas para vir tudo medido. Ao contrário, ela deve ser uma taça que nunca se esvazia, mas transborda e melhora a cada gole.

Para reinventar-se é necessário pensar.

Pensar e transgredir um pouco.

Acender aquela luz em forma de lâmpada que vemos nos desenhos infantis.

Pensar muito, pois pensar sempre significa ir além do que os outros vão.

Isso é um grande aprendizado que é aperfeiçoado ao longo da existência.

Apalpar no nevoeiro do que somos o verdadeiro "eu", ou pelo menos aquele que queremos ser, os sonhos que queremos realizar, o que acreditamos ser, o que queremos nos tornar, o que já fomos e o que seremos. Somos como a fragrância de um perfume, únicos e inigualáveis. Quantas dúvidas não estão submersas nas águas profundas e geladas do cotidiano?

Qual foi a última vez que resolvemos prestar atenção em nós mesmos? Se é que em algum momento realmente tivemos tempo para isso. Mal observamos o nosso reflexo no espelho. E nos recursamos a enxergar a passagem da vida.

Mas ela passa, e passa depressa, atropelando tudo. E junto com ela, nós...

Talvez por isso optamos sempre pelo caminho mais fácil; é sempre menos cômodo. Nas paredes de nosso quarto, com o travesseiro sobre a cabeça fica fácil adotar o velho lema "Pare de pensar". Talvez não sejamos felizes, mas, sem sombra de dúvida, ainda seremos os mesmos.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 08/01/2015
Reeditado em 28/01/2015
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