O ECO

Outro dia na aula de Hidroginástica, disse-me uma amiga “você já reparou que no mundo moderno não existe mais o eco natural?”

- Há pouco mais de cinquenta anos vínhamos veranear na praia e meu marido, da janela, chamava nossos filhos que brincavam de bicicleta. Bastava um grito que se propagava pela praia e eles logo vinham. Disse ela.

- Minha mãe era levada até à beira da praia, no final da tarde, para tomar “a fresca” e precisava colocar um casaquinho, pois o ar era gelado à tarde. Não havia os prédios na orla. Agora, em algumas cidades praianas, não há mais sol depois do meio dia. Só prédios e sombras.

O sol da manhã era só para os patrões. Empregados só podiam ir à praia à tarde. Agora ficam todos até à noite, mesmo sem sol. Os tempos mudaram.

E com os tempos foi-se embora o eco. Ouve-se muito vanerão, funk, samba e outros ritmos a qualquer hora e em qualquer lugar e não é eco o que se ouve, mas um som aterrador ampliado por aparelhagens de som nos carros dos chamados “agroboys” (aqui no RS) e dos filhinhos de papai que colocam suas caminhonetes e acabam com o sossego. Penso até que alguns velhos ficaram mais surdos por causa disto.

Mas o eco? Onde está o eco que havia por todo lado?

Não se ouve mais o bater de corações apaixonados. Até a forma de amor mudou. Não existe mais o rubor na face. Não batem mais forte os corações quando um pega na mão do outro. Agora todos “ficam”, mas é um ficar sem eco...

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08.01.15

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 08/01/2015
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