Conversa com a criança interior (todos nós temos uma)
_Oi, minha pequena criança interior.
_Oi.
_Como você está se sentindo hoje?
_Não muito bem, não vê?
_O que há com você?
_ Estou triste. Me sinto só e desprotegida. Meus pais estão brigando.
_E o que você pensa de você?
_Que tenho que ficar aqui nesse quarto encolhida.
_E as suas irmãs?
_Elas estão lá fora. Não sei delas.
_E se soubesse, como seria?
_Acho que estão tristes também, mas estão juntas.
_Você consegue se juntar a elas? Seria melhor para você? O que aconteceria se se juntasse a elas?
_Vou tentar. Acho que será melhor para mim. Minha mãe veio me espiar. Acho que se lembrou de mim. Ela sabe que eu fico assim. Agora eles pararam de brigar.
_Que bom! Enxugue os olhos. Brinque com suas irmãs. Seu pais não sabem ser diferentes. Eles se amam e amam vocês e sofrem com seu sofrimento, mas não sabem ser diferentes.
_Tá bom. Eu vou lá onde elas estão. Estou melhor agora.
_Onde está seu pai?
_Ele voltou às suas ocupações. Minha mãe também.
_Saiba, pequena criança, que há um Deus que sempre está conosco. Em nenhum momento estamos sós. Deus está com seus papais (mas eles nem sempre sabem o que fazer), está com você e suas irmãs.
_Nas outras casas também é assim?
_Quase sempre. Momentos bons e momentos difíceis. Melhor se as famílias oram reunidas e têm entendimento de que Deus está com elas.
_Acho que meu papai e minha mamãe brigam porque também estão inseguros, não é? Antes eu pensava até que eles não se amavam; acho até que eles acham que não se amam, mas se amam, sim, e querem ficar juntos porque se importam com nossa família.
_Isso mesmo. Até qualquer hora.
_Você volta pra conversar comigo?
_Volto, sim. Você é muito importante para mim. Se você ficar bem, eu também ficarei. Fique bem. Até logo.
_Tchau.
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Tente você também, caro leitor, fazer o exercício de conversar com sua criança interior ferida. E diga a ela que você cresceu e está aí para confortá-la, protegê-la, amá-la.
Compre um caderno e faça os registros dessas conversas. Logo, logo você entenderá muita coisa dentro de você. Aí muita coisa poderá acontecer: talvez seus relacionamentos melhorem, talvez você compreenda melhor os ambientes e o mundo em que vive. Pode ser que... mas antes você precisa começar. Ah, quando sua criança interior for falar, dê a caneta à sua mão não dominante, aquela sobre a qual você não tem muito governo: esta é a mão de sua criança interior.
Neusa Storti Guerra Jacintho é Terapeuta e Practitioner em PNL e escreverá neste espaço e em outros segundo esses seus conhecimentos e prática.