EU E O TEMPO!
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Não correrei atrás do tempo, mas o tempo correrá atrás de mim e, no mês de fevereiro, permitirei que me pinte na cor de prata, meus poucos fios de cabelo na cabeça cheia de pontos de 11 cirurgias e sem dois lados do crânio. A barba, que uso desde meus 18 anos, será pintada na cor branca, mais branca do que já está hoje. Tudo ao contrário das cotas raciais, do socialmente viável programa bolsa família e do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, “imexível”, como dizia o Ministro do Trabalho, Antônio Rogério Magri, do Governo Collor. O tempo terreno é finito e me levará um dia, mas deixarei todo um trabalho científico, social, literário e filosófico que produzirei em minha vida terrena. Cumprirei, cobrarei e o recompensarei o tempo, dando-lhe algo que sei que gostará: me tornar mais frágil, trocando de óculos já em 7,5 graus sempre que possível, visitando médicos, fazendo exames e, sempre que não estiver dopado por remédios, escrevendo trabalhos novos.
Na parede de meu quarto, ao lado oposto a um quadro do almirante Paulo, que conheci no prédio “Pedra Bonita”, no Rio de Janeiro, - excelente pintor anônimo que nunca tinha feito qualquer exposição, mas de um talento fantástico - conservo com orgulho a caricatura do início de minha carreira jornalística, a caricatura do artista plástico Palheta, datada de 1899, quando decidi deixar crescer o cabelo cacheado junto com a barba crescer. Contudo, a hereditariedade me alcançou e fiquei com “careca de aeroporto”. Em outro canto, abaixo do quadro de um barquinho na praia, mantendo um “Soneto a Carlos Costa”, do poeta nacional Jorge Tufic, datado de 2000, comemorando os nove anos após mudar-se de Manaus para a “Terra de Iracema”. Do tempo de outrora, conservo a barba, quase sempre aparada à máquina, no número dois, mas nem sempre. Nos pés, continuo usando e andado lento com minhas sandálias havaianas em shoppings, lojas e a todos os lugares que frequento com minha esposa Yara Queiroz, por serem leves e mais confortáveis.
Historicamente, o tempo foi definido com a “data juliana”, inventada pelos estudiosos francês José Justo Escaligero (1540-1609) e italiano Júlio César Escaligero (1549=1609) e e servia para atribuir um número para cada dia a partir de 1 de janeiro de 4713 AC. O “calendário Juliano”, porém, foi introduzido por Júlio César, em 45 AC. Contudo, esse calendário para cada 128 anos, atrasava um dia, levando o escritor Dante Aligheri, autor de “Divina Comédia”, ter reclamado sobre os segundos de arco defasados diariamente em seus poemas e deu a entender que se a Igreja não tomasse providências, o mês de janeiro, verão, se tornaria inverno devido essa defasagem temporal reclamada pelo poeta. Mesmo assim, o calendário Juliano continuou em uso corrente até 1582. Depois que alguns países começaram a mudar para o “Calendário Gregoriano”, o Papa Gregório XIII, seguindo instruções do Concílio de Trento, instituiu o calendário atual.
Não é sobre história do tempo que escreverei. Essa crônica é sobre história do acordo que fiz com o tempo e nada mais! Não esperem nada além disso!
O tempo atual que está correndo rápido demais, igual ou mais rápido do que a bala disparada de um revólver, disparada pela mão de um adolescente drogadito, protegido pelo ECA contra um pai de família, mas “imexível” como disse Magri. Há um grande descompasso entre o que a sociedade quer e o que os políticos fazem e os adolescentes drogaditos matam só para roubar alguns trocados. A sociedade cobra revisão no ECA há muito tempo! Meu acordo, porém, não será eterno. Terá começo, meio e chegará ao fim quando deixar a vida terrena. Contrariando a imposição da cota racial, implantada no Brasil, sem critério e muitas discussões, permitirei que o tempo venha todos os anos atrás de mim e pinte meus cabelos que ainda me restam na cor de prata até que ocorra o nosso encontro final e eu descanse no sono eterno ao lado do Criador. Serei benevolente com o tempo e lhe darei o que deseja – me envelhecer -, mas ele não será para comigo, porque me levará desse mundo. Permanecerei vivo no mundo natural através dos trabalhos que deixarei. Não serei tão benevolente como o Governo Federal, que dá tudo e quase nada cobra, em contrapartida efetiva na área social.
Hoje, ainda, consigo encontrar pessoas catando lixo para comer, recolhendo peixe podre para viver, morando em palafitas sem água, energia, saneamento básico, escolas caindo aos pedaços, enquanto prefeitos continuam desviando recursos públicos da merenda escolar, de pequenas obras de hospitais, postos médicos, saneamento básico, poços artesianos e vivendo nababescamente sob a miséria dos eleitores miseráveis. Só a educação consciente, seria e responsável pode libertar o povo da opressão e da miséria política. Isso não é culpa do Partido que Governa o Brasil, mas da quase total falta de fiscalização dos órgãos do Aparelho Estatal porque os ladrões dos colarinhos brancos são mais inteligentes que os órgãos de controle e bolam sempre novos planos para continuar roubando!
Felizmente entre mim e o tempo, o acordo será “mexível”, aceitará mudanças, definirá rumos e serei mais honesto do que têm sido alguns políticos com seus eleitores.