Pauta de escritor
Sempre gostei de música, mas nunca levei jeito para a coisa. A única coisa que posso me gabar é de ter bom gosto musical mas todos defendem esta mesma tese e se destacar neste campo fica difícil.
Depois fui entender o porque de minha inaptidão musical, o campo onde semeei a minha árvore se chama Literatura, um lugar onde só pude por os olhos quando os tirei dos binóculos por onde espiava o bosque chamado Música.
A esta hora eu devo ter perdido todo meu público que se diz Neo-simbolista... tanto faz, eles bem sabem que a "música" que eles fazem empalidecem se comparados com a coisa de verdade.
Um caso basta para que se fique provado a veracidade daquilo que conto: a quantia de coisas que um músico e que um escritor precisa para a completa exposição de suas ideias são inversamente proporcionais. Para isso usarei a comparação de dois casos extremos: um baterista e qualquer escritor bem estabelecido.
O baterista precisa de muitas coisas: um prato (onde, estranhamente, não se põe comida), um bumbo, uma caixa... já o escritor precisa de poucas coisas para relembrar sua literatura, na verdade, quanto menos coisas melhor.
Converse com um baterista e terá, no fim de sua conversa, tudo o que conversou explicado nos mínimos detalhes. A conversa com um escritor, ao contrário, traz mais dúvidas que respostas (inclusive acerca de si mesmo).
Escrevo essas coisas para que não copiemos o estilo de vida equivocado de tentar conciliar esses dois campos do conhecimento, tendo em vista que debaixo deles há duas placas tectônicas inconciliáveis.