ARRUMAR UM EMPREGO

Arrumar um emprego? Assim como namorado, está difícil, quase em extinção. Como desistir é uma palavra que não existe no meu vocabulário, resolvi tentar. Como adoro escrever, não perdi tempo, redigi um e-mail pedindo emprego á um escritor, meu conhecido. Assistente, eu queria ser sua assistente. Digo queria, pois ele não me contratou. Disse que vive da escrita, mas modestamente, por isto não tem dinheiro para pagar uma assistente. Me recomendou cursar jornalismo, me tornar uma jornalista renomada, para, aí sim, começar uma carreira literária. Jornalismo? Com que dinheiro? Se eu conseguisse uma bolsa, não seria de estudos e sim, de caridade, com as notas que tenho. Além do mais, para isto, ainda tenho as provas de matemática para eliminar.

Sou formada em locução. Na época, havia procurado emprego em todas as rádios que estavam ao meu alcance. A única que me chamou para uma entrevista estava há quilômetros de distância de mim, em Patos de Minas. Se pegar o ônibus já está caro, imagine viajar todos os dias para outra cidade. Meu salário não seria destinado a mim, e sim, ao pagamento do transporte rodoviário.

Já pensei também em ir para um Convento. Pelo menos, para garantir a faculdade. Conversei com o padre e com algumas irmãs, há tempos atrás, mas para entrar e ser uma noviça, preciso passar pelo treinamento, fazer catequese, crismar, rezar bastante (principalmente, antes das refeições). E pensando bem, os muros do convento são altos de mais, melhor ficar por aqui e dar uma olhadinha nos classificados.