E assim começa mais um ano...

Demorei muito para confessar esse segredo, pois dá aquele friozinho na espinha dorsal quando não acompanhamos a unanimidade. Mas, agora sinto que posso reconhecer que as festas de final de ano não me apetecem! Deve ser porque nos canais abertos e fechados não se fale em outra coisa, além da melô de Noel Rosa: “com que roupa eu vou?”. Amarelo atrai dinheiro. Verde é saúde e vitalidade. Branco é paz e, como o preto, é básico, ou seja, não tem erro. Uma babaquice! O que todo mundo quer é aparecer bonito na foto. E o que eu tenho com isso? Nada, não é mesmo?!

Não, eu não acordei com a ‘pá virada’! Eu até acho que nessa época as pessoas estão mais disponíveis para um encontro familiar, para um papo com os velhos amigos, para uma postagem bonitinha no Facebook, para as mensagens tocantes trocadas pelo WhatsApp. É a oportunidade de voltar a (re)assistir o especial do “rei” Roberto Carlos e as propagandas com as criancinhas com vozes separadas em contralto, soprano e tenor; cantarem hinos melodiosos, assim a gente fica mais sensível e resolve comprar, comprar e comprar, afinal de contas esse é o espírito do natal... Rou Rou Rou Rou, Papai Noel chegou!

Depois da azia por conta da comilança da ceia. Depois dos fogos de artifício. Depois de pular as sete ondinhas e de deixar a praia suja de oferendas. Depois dos banhos de ervas milagrosas. Depois da cara rodando de tantas taças de champanhe. Depois dos abraços, sorrisos e das festas... a vida volta para o seu ritmo habitual. E as pessoas tornam a se distanciar, esquecendo-se dos abraços, das preces e já não confraternizam mais.

É, definitivamente, uma coisa sem propósito: ter que começar para depois deixar. Mas, tem quer ser assim?! Penso que não. Já que laços verdadeiros são eternos, indeléveis. Ficam gravados, marcados como tatuagem e não desaparecem.

Portanto, desejo que nesse novo calendário você fique atento, ‘ligado’ aos sinais confusos próprios desse tempo; pois apesar dessa contemporaneidade líquida, instável com sua incapacidade de estabelecer laços inquebráveis e permanentes. Apesar dessa sociedade moderna, exigir conexões frágeis, atadas frouxamente, para que possam ser desfeitas sem grande cerimônia¹. Apesar, apesar de tudo, esteja junto de quem se ama e quer bem. Um na vida do outro comprometidos para sempre!

Boa jornada!!!

¹ BAUMAN, Z. Amor líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 04/01/2015
Reeditado em 05/01/2015
Código do texto: T5090405
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