Contradição do Natal
Dois amigos, dois irmãos, mas também podem ter se encontrado pela vida.
Um vem na frente como se conhecesse o caminho, seguido pelo companheiro que demonstra insegurança num mundo completamente estranho.
Na entrada do mercado não teve despedida, apenas o distanciamento do companheiro que seguiu seu rumo, contínuo, em busca do nada.
Luzes de natal e aglomerados de gente que vem e vai com seus carrinhos entulhados de guloseimas. Ele lá. Todos por ele passam mas não o enxergam, quase lhe tropeçam.
Escolhe um ou outro e faz menção de acompanhar mas sempre resolve voltar, uma vez, duas, várias. Se vê que percebe a estranheza de todos e volta atrás. Olha em todas as direções e não encontra quem procura, o conhecido de uma vida inteira, aquele que viu pela ultima vez pelo retrovisor. Apenas o som do motor.
Passam as horas e as luzes morrem uma a uma e o vazio do estacionamento lhe avisa que é hora de ir embora. Passos rápidos pela ameaça do segurança, um olhar torcendo o pescoço.
Lá se vai em abandono mais uma vítima das viagens de festas. Mais um desabrigado dos corações que festejam o Menino Deus.