2014? Foi bom, mas poderia ter sido melhor...


     Quando acabou 2013, repeti um gesto que aprendi bem menina, tempo em que me dava o direito de acreditar em tudo que quisesse: olhei para a lua e pedi que quando ela voltasse não trouxesse mais aquilo tudo de ruim que havia vivido, naquele ano.
     Só para relembrar alguns fatos, no fatídico ano partilhei da aflição de pessoas queridas com problemas de saúde na família, vivi um acidente de carro, um sequestro seguido de assalto, filho adolescente dando trabalho, minha mãe e meu companheiro com graves problemas de saúde, meu pai em seguidas e longas temporadas no hospital, até que se foi, em meados de dezembro. Em muitos momentos precisei de serenidade e equilíbrio, de forças que nem sabia que tinha, para me ajudar e ajudar os meus e vi o ano acabar com alívio.
     Já em 2014, enquanto torcia e me desdobrava para tudo se ajeitar, outros problemas surgiram e por momentos me vi achando que a minha capacidade de segurar a barra das tristezas, decepções com pessoas do meu convívio e afeto, tinha chegado no limite do insuportável e não deu outra: meu organismo reagiu como era de se esperar e me vi convivendo outra vez com insônia, taxas enlouquecidas, crises alérgicas, infecções... Tudo isso trabalhando, tentando levar a vida como manda o figurino, mas quem realmente me conhecia via a sombra da tristeza e das preocupações no olhar e no sorriso, que tanta vezes se apagou.
     Li por aí e acredito mesmo que sofrimento é escolha e tão logo emergi do poço das minhas dores escolhi a vida, com alegria. Sei que aprendemos também com a dor e a tristeza e, se é que é possível, aprendi mais ainda a me amar, a respeitar minhas vontades, a cuidar de mim, olhar a vida sem me vitimizar, sem autopiedade. Aprendi de perdão, de recomeço. Em meu coração havia (e sempre haverá!) muita esperança, muita fé na vida e uma capacidade de me reinventar que eu mesma desconhecia. Foi preciso dar de cara com o sofrimento e alguns desencantos, algumas decepções, para saber.
     Do ponto de vista profissional, muitas coisas boas me aconteceram em 2014. Revi e conheci lugares e pessoas especiais, encerrei etapas, iniciei outras, todas conquistando o respeito dos meus pares e espero continuar assim. É uma alegria ver reconhecido nosso esforço, nossa capacidade e habilidade em superar problemas, melhorar a vida das pessoas que dependem da nossa atuação. Tenho muito a agradecer.
     2014 foi um ano de muitos embates, muitas baltalhas travadas e de muito trabalho também pois tinhamos uma eleição para vencer e chegamos em 2015 com a esperança renovada. Não vai ser fácil mas ao invés de lamentar um país que ainda não temos, vou continuar na luta para fazê-lo cada vez melhor.
     Muita coisa ainda poderia dizer de 2014 mas nenhuma com a relevância das que já destaquei. Ficarão no inventário das boas ou más lembranças e isso basta, pois quero continuar sendo capaz de agradecer pelos bons e maus momentos que vivi. Até os ruins certamente me fizeram ser quem sou.
Quando revejo o que vivi e penso no que ainda quero e vou viver, sei que posso cantarolar Belchior dizendo ser “Um sujeito de Sorte” e dizer que, hoje mais que nunca, essa música me representa: “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro/Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”!
Que venha 2015! Estou pronta!