Arroz de China
A culinária gaucha é uma coisa por demais especial e simples.
Vejam o churrasco. Carne, paciência, um bom braseiro e sal. Não existe mistério. O costelão só precisa acrescentar tempo. Não ha necessidade de virar os espetos. Deita a peça com os ossos virado pro fogo, numa altura em que o fogo não apresse, mas asse. Sal no lado oposto e deixe correr umas quatro horas. Terás um assado com sabor e maestria. Alguns pequenos detalhes, como o tipo de lenha e o açougueiro, que te vende a peça, contribuirão para o sucesso da investida.
O mate! uma bebida pra qualquer hora do dia. Antes e depois das refeições. Nada mais que erva em uma cuia e água quente. Podes acrescentar uma casca de laranja, uma maçanilha, carqueja, cidró, ai vai ao gosto variado. Mas a erva mate por si só já é suficiente.
Doces! Bom, tem os mais variados, frutas em conserva, sagu, ambrosia, rapadura...
Ligeirinho, para os apressados, o arroz de china. Os ingredientes são arroz, salame e água. Sal só se precisar. Pica o salame em pequenos pedaços, coloca na panela, dá uma fritada, acrescente o arroz, mais uma tostadinha, acrescente água e em menos de 20 minutos terá um farnel. Com pouco trabalho e um acentuado sabor.
Hoje cedo mandei uma mensagem para minha companheira. Andei passando do ponto ontem. Dormi no sofá. Sai cedo de casa para o trabalho, pé por pé. Minha mãe me ensinou que um dos melhores remédios, para ciumeira, é o tempo. Retardei o contato e um reencontro com ela, o que deu. Não gosto muito de discussão, principalmente em casa. Tem muito utensílios de cozinha a mão.
Quase próximo ao meio dia mandei um recado para a "china", convidando-a para um almoço. Ela prontamente sugeriu um local. Mas como estava de turno único, sairia duas horas mais tarde, não chegaria a tempo de encontrar-la. Nesse entendimento, liberei-a para o almoço dizendo que ela fosse e que eu comeria qualquer coisa, que não se preocupa-se comigo.
Mas a resposta foi surpreendente. Me disse que não, me aguardaria em casa com um arroz de china se eu concordasse. Prontamente vi na proposta um gesto conciliatório. Relembrei o conselho de minha mãe... O tempo!
Mas, no fundo minha intuição dizia que o tempo transcorrido não poderia ter sido suficiente. Aquela oferta de um arroz com salame tava estranha.
Pouco antes do almoço resolvi renovar o contato e perguntei se o arroz de china já estava no ponto. Ela respondeu que sim. Estava tudo encaminhado. Só me aguardava para picar o salame.
Tó em dúvida. Não sei se volto pra casa ou dou mais um tempo.