A LAGARTA, O CASULO, A BORBOLETA E O MUNDO ADOLESCENTE!

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À Carlos Costa Filho, meu filho adolescente

Como se fosse uma lagarta, a criança nasce é indefesa e se arrasta pelo chão. Com o tempo, ganha seu berço para continuar vivendo protegida. Mais tarde, a lagarta como a criança deixam de se arrastar pelo chão, passam a viver em um casulo próprio, até ganhar asas e voar, conhecer o mundo, em forma de borboleta e a criança na forma de adolescente. Assim também é a vida da criança à adolescência.

Como se fosse a borboleta, o adolescente tem pressa para voar, conhecer o mundo e cuidar de sua própria vida, embora conectado a internet e ouvindo músicas em elevado volume, com fones enfiados nos ouvidos, como se isso não lhe fosse causar consequência e prejuízos auditivos na fase adulta. Assim, o adolescente vai vivendo, entre respostas atravessadas e agressões verbais, mas isso passará com o tempo porque nada melhor do que o tempo para lhe ensinar como é a vida real!

Com asas, o adolescente se sente livre pela primeira vez para enfrentar um mundo cruel, egoísta, desigual e confuso, se achando um inteligente que pensa que já sabe de tudo e ainda não sabendo de nada! Torna-se rebelde, confuso e confunde os pais com argumentos facilmente refutáveis. Ele não entende que o mundo é complexo, confuso e cheio de armadilhas até para adultos que já se acham experientes, quanto mais para um adolescente que ainda está começando a viver, voando como se fosse uma borboleta, que já foi um dia uma lagarta que se arrastava pelo chão! É preciso viver cada fase da vida e não atropelá-la!

Não se cria filhos para si próprio; mas, para viver em um mundo real, cruel, desumano, confuso e cheio de complexidades! A vida parece fácil e simples, mas não é. A vida é desumana demais e sempre se precisará de proteção, cuidados constantes e recobrados. Embora rebeldes, o adolescente é só uma pessoa confusa, cheia de hormônios que estão em ponto de explosão, brigando um com os outros em uma guerra interna que vai se acalmando à medida que se vai amadurecendo.

Na vida, aprende-se mais com os erros do que os acertos, mais com as críticas do que com os aplausos, mais com os limites impostos do que as liberdades excessivas. Nada em excesso é bom ou positivo, tanto para um lado quanto para o outro. A borboleta, como faz uma adolescente, quando deixa o casulo, nasce com asas e voa para o infinito de sua infinita imaginação, achando que já sabe tudo da vida e do mundo, mas não conhece nada: só o tempo será capaz de ensiná-lo completamente. Mas o adolescente tem pressa, é confuso, agride com palavras, atitudes e se impõe em desafios. As vezes, vence. Outras, é derrotado, rapidamente pelo uso da inteligência do adulto!

O adolescente, quando decide voar como se fosse uma borboleta, conhecer e viver em um mundo perigoso, precisa ser protegida, orientada para não sofrer amarguras em seu voo solo e não ser esmagado, como são as borboletas capturadas para virarem coleção, espetadas em uma agulha fina em um pano para exposição futura. O adolescente pode ter o mesmo fim e ser espetado pelas agulhas finas do vício do crack, sofrer discriminação por ter sido ajudado a deixar o casulo antes do tempo: cada coisa ao seu tempo! Cada tempo tem sua coisa própria e seu tempo próprio. Tudo que é apressado, sai com defeito. A pressa sempre foi e continuará sendo inimiga da perfeição. Só que o adolescente desconhece isso, desconhece limites, pouco lê, fica conectado na internet e no “CTRL C” e “CTRL V”, copiando e colando coisas sem interpretar ou entender nada, só ouvindo músicas...

O adolescente é uma borboleta confusa, cheia de si. Contudo, como o casulo de uma borboleta, é totalmente vazio de quase tudo por dentro, mas se sente confiante que o mundo que o espera lhe seja igual ao mundo protegido em que vivia com a família. O adolescente voa porque quer sua liberdade a qualquer custo, mas ainda precisa de proteção. Não aceita conselhos, diz que já sabe se defender sozinho. Só que o mundo real é cruel e muito desumano. Por mais que se aprenda como gozar a vida que pensa ser verdadeira, nunca aprenderá tudo sobre a vida real. Haverá sempre um algo a ser desvendado na próxima esquina, no próximo sinal, na parada logo à frente. Tudo é mistério. Todo adolescente terá desilusão com a primeira namorada, primeira paixão e primeira frustração e como superar tudo isso. Muitas vezes o adolescente perde uma de suas asas e cai ao chão, sendo pisoteada pelo primeiro sapato que caminha distraído pela rua e não olha para onde pisa: pode esmagar a borboleta caída. O sapato que caminha distraído e que esmagará o adolescente pode ser comparado ao moinho implacável do mundo, que o triturará sobrando só o bagaço do que fora um sonho passageiro de um adolescente que desejou ser feliz. O sonho se transformará em desilusão e uma mera ilusão de uma liberdade que foi passageira.

Logo o adolescente volta ao seio da família, menos que já tenha sido espetado para viver em exposição para algum traficante de crack!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 30/12/2014
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