A LAGARTA, O CASULO, A BORBOLETA E O MUNDO ADOLESCENTE!
Comentários no link http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2014/12/a-lagarta-o-casulo-borboleta-e-o-mundo.html
À Carlos Costa Filho, meu filho adolescente
Como se fosse uma lagarta, a criança nasce é indefesa e se arrasta pelo chão. Com o tempo, ganha seu berço para continuar vivendo protegida. Mais tarde, a lagarta como a criança deixam de se arrastar pelo chão, passam a viver em um casulo próprio, até ganhar asas e voar, conhecer o mundo, em forma de borboleta e a criança na forma de adolescente. Assim também é a vida da criança à adolescência.
Como se fosse a borboleta, o adolescente tem pressa para voar, conhecer o mundo e cuidar de sua própria vida, embora conectado a internet e ouvindo músicas em elevado volume, com fones enfiados nos ouvidos, como se isso não lhe fosse causar consequência e prejuízos auditivos na fase adulta. Assim, o adolescente vai vivendo, entre respostas atravessadas e agressões verbais, mas isso passará com o tempo porque nada melhor do que o tempo para lhe ensinar como é a vida real!
Com asas, o adolescente se sente livre pela primeira vez para enfrentar um mundo cruel, egoísta, desigual e confuso, se achando um inteligente que pensa que já sabe de tudo e ainda não sabendo de nada! Torna-se rebelde, confuso e confunde os pais com argumentos facilmente refutáveis. Ele não entende que o mundo é complexo, confuso e cheio de armadilhas até para adultos que já se acham experientes, quanto mais para um adolescente que ainda está começando a viver, voando como se fosse uma borboleta, que já foi um dia uma lagarta que se arrastava pelo chão! É preciso viver cada fase da vida e não atropelá-la!
Não se cria filhos para si próprio; mas, para viver em um mundo real, cruel, desumano, confuso e cheio de complexidades! A vida parece fácil e simples, mas não é. A vida é desumana demais e sempre se precisará de proteção, cuidados constantes e recobrados. Embora rebeldes, o adolescente é só uma pessoa confusa, cheia de hormônios que estão em ponto de explosão, brigando um com os outros em uma guerra interna que vai se acalmando à medida que se vai amadurecendo.
Na vida, aprende-se mais com os erros do que os acertos, mais com as críticas do que com os aplausos, mais com os limites impostos do que as liberdades excessivas. Nada em excesso é bom ou positivo, tanto para um lado quanto para o outro. A borboleta, como faz uma adolescente, quando deixa o casulo, nasce com asas e voa para o infinito de sua infinita imaginação, achando que já sabe tudo da vida e do mundo, mas não conhece nada: só o tempo será capaz de ensiná-lo completamente. Mas o adolescente tem pressa, é confuso, agride com palavras, atitudes e se impõe em desafios. As vezes, vence. Outras, é derrotado, rapidamente pelo uso da inteligência do adulto!
O adolescente, quando decide voar como se fosse uma borboleta, conhecer e viver em um mundo perigoso, precisa ser protegida, orientada para não sofrer amarguras em seu voo solo e não ser esmagado, como são as borboletas capturadas para virarem coleção, espetadas em uma agulha fina em um pano para exposição futura. O adolescente pode ter o mesmo fim e ser espetado pelas agulhas finas do vício do crack, sofrer discriminação por ter sido ajudado a deixar o casulo antes do tempo: cada coisa ao seu tempo! Cada tempo tem sua coisa própria e seu tempo próprio. Tudo que é apressado, sai com defeito. A pressa sempre foi e continuará sendo inimiga da perfeição. Só que o adolescente desconhece isso, desconhece limites, pouco lê, fica conectado na internet e no “CTRL C” e “CTRL V”, copiando e colando coisas sem interpretar ou entender nada, só ouvindo músicas...
O adolescente é uma borboleta confusa, cheia de si. Contudo, como o casulo de uma borboleta, é totalmente vazio de quase tudo por dentro, mas se sente confiante que o mundo que o espera lhe seja igual ao mundo protegido em que vivia com a família. O adolescente voa porque quer sua liberdade a qualquer custo, mas ainda precisa de proteção. Não aceita conselhos, diz que já sabe se defender sozinho. Só que o mundo real é cruel e muito desumano. Por mais que se aprenda como gozar a vida que pensa ser verdadeira, nunca aprenderá tudo sobre a vida real. Haverá sempre um algo a ser desvendado na próxima esquina, no próximo sinal, na parada logo à frente. Tudo é mistério. Todo adolescente terá desilusão com a primeira namorada, primeira paixão e primeira frustração e como superar tudo isso. Muitas vezes o adolescente perde uma de suas asas e cai ao chão, sendo pisoteada pelo primeiro sapato que caminha distraído pela rua e não olha para onde pisa: pode esmagar a borboleta caída. O sapato que caminha distraído e que esmagará o adolescente pode ser comparado ao moinho implacável do mundo, que o triturará sobrando só o bagaço do que fora um sonho passageiro de um adolescente que desejou ser feliz. O sonho se transformará em desilusão e uma mera ilusão de uma liberdade que foi passageira.
Logo o adolescente volta ao seio da família, menos que já tenha sido espetado para viver em exposição para algum traficante de crack!