O CÉU QUE CHORA

De repente o que era brisa virou vento.

De um vento veio a ventania, e aquele cheiro familiar de chuva.

A tarde chegando ao fim, apesar de eu não fazer a mínima ideia de que horas eram.

No início daquele dia de janeiro nós éramos dois completos estranhos.

Conversamos muito ao longo do dia.

Eu não consegui desviar meu olhar daquele par de olhos castanhos, tentando, em vão, decifrá-los.

Ela ora se apresentava como menina, ora como mulher, e muitas vezes as duas estavam lá.

Eu continuava hipnotizado.

Seus gestos eram naturais, e por isso muitos sexys.

Não havia enredo, nem improviso, tudo acontecia conforme a criação.

Cada vez que ela tirava uma mexa de cabelo de seus olhos, eu delirava.

Sou fascinado pela beleza dos gestos simples.

Falamos muito naquele dia, mas o silêncio de nossos olhares disse muito mais.

A chuva começou a cair, e nenhum de nós se importou.

Ela soltou seus cabelos, que o vento forte fez questão de bagunçar..

O cheiro de chuva, se misturou com cheiro de terra molhada, de mato molhado, e tudo se misturou com cheiro do perfume dela.

Dois quase estranhos olhando um para o outro.

A chuva pereceu ter lavado nossas almas, nossos pecados, nosso passado.

Não sabíamos ao certo o que havia terminado, mas algo estava começando.

Nossos olhos estavam transbordando em lágrimas, assim como o céu chorava sua chuva.

Eu só tinha olhos para aquela boca, e o coração batendo por aquela alma.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 29/12/2014
Código do texto: T5084689
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