VIVER É INTERPRETAR


O que você vê quando olha para o céu à noite? Os que focam na superfície miram as estrelas, a lua, algumas nuvens talvez. Mas há aqueles que procuram por algo mais, coisas que geralmente as pessoas não enxergam. Munem-se de telescópios poderosos ou simples lunetas - dependendo do seu desejo. Enxergam planetas, satélites, galáxias. Assim, acham que já viram tudo e que sabem tudo a respeito do universo.

Mas existem aqueles que, ao olhar para um céu estrelado, enxergam além das estrelas simplesmente fechando os olhos e sentindo que elas tem muitas histórias para contar, mas que nós não entendemos a sua linguagem. Tentamos interpretá-la através da poesia, da música, da pintura, enfim, através de todo tipo de arte, e também, das religiões. Assim, vão surgindo varias interpretações e teorias. Eu creio que a teoria mais completa, mais espiritualizada, mais bela e mais profunda, não chega nem a arranhar a superfície da verdade sobre as estrelas e galáxias, sobre o céu, os planetas, os buracos negros e as nebulosas. Existe tanta coisa que não sabemos!

Eu posso apenas dizer que acredito que haja vida em outros lugares além daqui. Não sei de que espécie, não sei se mais ou se menos evoluída. Também acredito na sobrevivência da alma após a morte. Acredito que a maioria das pessoas que dizem terem visto ou interagido com seres mágicos como fadas, duendes e espíritos, realmente viram alguma coisa que interpretaram através de suas crenças ou de seu conhecimento. Respeito-as. Antes de duvidar delas, pergunto-me: "O que eu sei?" Isso é o bastante para que eu me cale. 

Também sei que cada pessoa é um universo, mesmo as que nem sequer se dão conta disso. Todo mundo tem seus motivos para ser como é e sentir o que sente, reagindo da maneira que aprendeu e acredita ser a correta. Ando aprendendo que até mesmo aqueles que me feriram ao longo do caminho, tenham seus motivos para agir como agiram - o que não significa que eu deva expor-me aos seus desmandos. A eles, desejo toda paz que puderem alcançar, aceitando que cada um tem seu tempo e seu modo de aprender, pois é seguido por uma história de vida, onde deram-se fatos que a grande maioria ignora.

Assim como todos, estou no caminho da evolução, pois o universo só permite este caminho, e espero - sei - que um dia, alcançarei um bom nível. Quero ser capaz de olhar para todos e ver apenas o que eles tem de bom a oferecer, mas ainda não consegui alcançar este patamar. Talvez seja a minha hora de aprender de outra maneira, de aprender também sobre o mal, quem sabe... porque ele existe. E se não trilharmos seu caminho e aprendermos a reconhecê-lo e a lidar com ele apropriadamente, cairemos sempre em suas armadilhas. Mas enxergá-lo não significa agir através dele. Mas ele exige uma resposta. Quando ignorado, ele cresce. O mal não admite ser ignorado. Gostaria de ter o poder ou a habilidade de neutralizá-lo com palavras de amor, com compreensão, com paciência, mas ainda estou no início do meu caminho... não posso fingir que sou diferente do que sou.

Tenho uma história atrás de mim que só eu conheço. Você também tem uma história que só você conhece. Respeito a sua. Espero que respeite a minha.

Que em 2015 possamos todos enxergar além das estrelas. Que possamos aprender a enxergar o medo que se esconde por trás das atitudes que ferem, a dor que se esconde por trás de quem provoca lágrimas nos outros, o amor por trás da aparente indiferença. Às vezes, o amor também precisa retirar-se para que o outro possa crescer. Mas isso não significa que ele tenha morrido; apenas descansa, observa e torce para que haja um momento em que aqueles que nos ferem possam aprender, finalmente, a enxergar além das estrelas, e a viajar para fora de seus próprios buracos negros.

Um ano novo de paz e descobertas, é o que eu desejo a todos, inclusive, a mim mesma.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 29/12/2014
Reeditado em 29/12/2014
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