2015. UMA NOVA PORTA.

Sempre na sucessão permanente, a humanidade, sob a luz do sol a cada ano civil, após a superação da inocência que desconhecia calendários, nominou em espaço temporal definitivo, à exceção dos judeus, em trezentos e sessenta e cinco dias a anualidade no calendário que Ele marcou, AC e DC. Isso queiram ou não os insurgentes pela força do solstício marcada sua chegada, o dia de maior luz, creditando a Ele, Cristo, esse marco irmanado a Mitra, Deus persa do sol, da luz. Tudo por força do poder de Constantino, Imperador romano que tornou oficial o cristianismo.

A Igreja de Cristo, de Pedro, humana, testemunhou desvios e pecados, faltas, como por nós conhecido o erro. Pior, em suas entranhas, intestinamente, pecados graves que conhecidos deveriam ser expurgados com rigor, e não foram. Os silêncios desses pecados ficaram silentes, mas foram desnudados agora. Somente a autoridade que pode apontá-lo, deve ser ouvida e respeitada. Surge o intrépido Papa Francisco, e aponta, expõe, deita ordem na desordem e diz, ratificando o que vem dizendo para a audição dos sequiosos de justiça o que impunha-se dizer.

Soberanamente, do alto de sua arquicadeira espiritual, não com coragem, mas com a obrigação da investidura que muitos não assumiram, por circunstâncias pelas quais responderão em consciência, lista o indesejado que criava raízes e ainda resiste. Faz o libelo do que se escondia de forma institucional. É como o político que não representa o interesse coletivo, mas seu interesse, como o magistrado que não diz o direito, mas a decisão com preço ajustado, violando seu ato sacerdotal por excelência, a sentença, também assim aqueles que fazem dos votos religiosos consagrados o máximo sacrilégio, e os negam sob o pálio da hedionda hipocrisia.

Corporação é restrita, tem objetivos definidos, não é humanismo falso e muito menos visão pessoal, corporação com alcance espiritual mais ainda, tem objetivos aumentados pela lente da impessoalidade e afastada do egoísmo que move o mundo material, deve ser assim, há de ser assim, nesse caso maior e universal.

Disse Papa Francisco sem reservas para o mundo ouvir sobre comportamentos que chamou de doenças. Referia-se à Cúria Romana, dirigiu-se aos cardeais, bispos e monsenhores que formam a estrutura da Igreja, tornando-se um discurso muito duro, surpreendente. O mal estar dos ouvintes era presencial e visível. Censurou sem piedade os vícios da Cúria Romana, e apontou 15 doenças que, segundo o Papa, contaminaram parte da Igreja.

Denunciou a “síndrome do acúmulo de bens”, em uma possível referência às riquezas de alguns na alta hierarquia vaticana. Falou da “doença do lucro mundano”, da “rivalidade” e da “gloria vã”. Criticou o “terrorismo das fofocas”, que destrói a reputação das pessoas; a “doença dos covardes”, que falam por trás; e a “daqueles que tratam os chefes como seres divinos para subir na carreira”. Citou os que pertencem a grupos fechados mais do que a Cristo ou ao corpo da Igreja.

Para os que sofrem da “síndrome da imortalidade”, o Papa recomendou uma visita ao cemitério, onde estão os nomes de muitos que se consideravam imunes e indispensáveis. Essa doença vem de uma outra, o “mal do poder e do narcisismo”, que olha apenas para a própria imagem.

Francisco diagnosticou um “mal de Alzheimer espiritual” e chamou de “esquizofrenia existencial” a patologia dos que vivem uma dupla vida.

E na homilia de Natal, alguns dias após, na Missa do Galo, falou da paciência de Deus. Exaltou a paciência de Deus, exclamativamente. E disse:

“«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1). «Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor refulgiu em volta deles» (Lc 2, 9). É assim que a Liturgia desta santa noite de Natal nos apresenta o nascimento do Salvador: como luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão. A presença do Senhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tristeza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria.

Também nós, nesta noite abençoada, viemos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela chama da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperança de encontrar a «grande luz». Abrindo o nosso coração, temos, também nós, a possibilidade de contemplar o milagre daquele menino-sol que, surgindo do alto, ilumina o horizonte.”

É a convocação do Pastor de almas para deixarmos para trás os caminhos dos erros e mirar na esperança de sermos melhores, humildes e entregues à fraternidade tão descurada.

É A NOVA PORTA MAIS UMA VEZ ESPERANÇADA.....

“A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos. Pensemos no obscuro momento em que foi cometido o primeiro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cego pela inveja, feriu de morte o irmão Abel (cf. Gn 4, 8). Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência. Mas Deus, que havia posto suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava. O tempo de espera fez-se tão longo que a certo momento, quiçá, deveria renunciar; mas Ele não podia renunciar, não podia negar-Se a Si mesmo (cf. 2 Tm 2, 13). Por isso, continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povos.”; continuou Papa Francisco.

“Ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão revela-nos que Deus é Pai e que a sua paciente fidelidade é mais forte do que as trevas e do que a corrupção. Nisto consiste o anúncio da noite de Natal. Deus não conhece a explosão de ira nem a impaciência; permanece lá, como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regresso do filho perdido.”

É a espera que mostra A PACIÊNCIA DE DEUS….

“A profecia de Isaías anuncia a aurora duma luz imensa que rasga a escuridão. Ela nasce em Belém e é acolhida pelas mãos amorosas de Maria, pelo afecto de José, pela maravilha dos pastores. Quando os anjos anunciaram aos pastores o nascimento do Redentor, fizeram-no com estas palavras: «Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). O «sinal» é a humildade de Deus levada ao extremo; é o amor com que Ele, naquela noite, assumiu a nossa fragilidade, o nosso sofrimento, as nossas angústias, os nossos desejos e as nossas limitações. A mensagem que todos esperavam, que todos procuravam nas profundezas da própria alma, mais não era que a ternura de Deus: Deus que nos fixa com olhos cheios de afecto, que aceita a nossa miséria, Deus enamorado da nossa pequenez.”; exaltou sua iluminação.

O sinal do Menino Jesus é a humildade, paradoxalmente entendida. O sinal aponta o orgulho maléfico, mostra a grandiosidade existente na humildade. Ninguém é nobre, grandioso, investido de luz, sem verdadeira humildade. Nossa pequenez envolve o Cristo e dela “se enamora” Deus como diz à perfeição Francisco.

“Nesta noite santa, ao mesmo tempo que contemplamos o Menino Jesus recém-nascido e reclinado numa manjedoura, somos convidados a refletir. Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se? «Oh não, eu procuro o Senhor!» – poderíamos replicar. Porém a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a encontrar-me e cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?

Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!

A resposta do cristão não pode ser diferente da que Deus dá à nossa pequenez. A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão. Quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração pedindo-Lhe: «Senhor, ajudai-me a ser como Vós, concedei-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida, dai-me a graça de me aproximar ao ver qualquer necessidade, a graça da mansidão em qualquer conflito».”

É preciso que fique aberta essa porta de ternura, mansidão, calor humano de que nos falou o humaníssimo Cardeal Bergoglio.

É UMA NOVA PORTA O ANO DE 2015.

“Olhemos o presépio e façamos este pedido à Virgem Mãe: «Ó Maria, mostrai-nos Jesus!»”, disse o Papa. Assim seja.

Quem não vê integralmente o Cristo, nem sua mãe, mas com as reservas do temor das fragilidades a Eles apela, temor do que somos imenso repositório, é o cego permanente. Fixemos que não somos nada mais que a matéria que será absorvida pelo que mais repugnamos, vermes, mas vermes maiores são os que desconhecem o amor e distribuem indiferença, narcisismo de que fala o Papa, egolatria e aspiração a ascender ao que não são e nunca foram, por falta de humildade e culto do personalismo vão. Nunca cristãos verdadeiros serão os que mentem a Deus e ao seu Santo Filho, homem como nós. Ele não quer o amor mentiroso, mas o amor ao próximo sem trocas. A fé pode mostrar o caminho, a porta que se abre a cada ano do nascimento da luz, mas a porta deve estar aberta.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/12/2014
Reeditado em 28/12/2014
Código do texto: T5083485
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