Nada mais que um fecho éclair.

Aquele fecho éclair queria me dizer alguma coisa

talvez um pedido, um lamento, uma palavra órfã qualquer,

mas não conseguia ouvir.

Ele se debatia, rodopiava, catapultava em si mesmo.

E eu, nada.

Um fecho éclair não é algo inerte, frio, desprezível.

Sabe de tantas coisas que o torna sábio,

protagonizou tantas cenas que já perdeu a conta.

Afinal, não é nada mais que um fecho éclair.

Daquela vez era diferente, só ele sabia disso, e mais ninguém.

Precisava ser entendido de qualquer forma, não podia tardar mais.

A noite vinha se arrastando sem pressa e o tempo findou suas paciências todas.

Tentou gritar, mas fechos éclairs não gritam.

Tentou mandar sinais de fumaça, que nada.

Tentou se envergar feito arco, desistiu.

Era um fecho éclair um tanto arretado,

por vezes inconveniente.

Foi então que veio a ideia. Podia ser maluca, mas quem sabe?...

Resolveu se estourar. Isso mesmo: detonar a si mesmo em mil pedacinhos,

tão pedacinhos que não dava mais pra voltar a ser um fecho éclair.

E assim fez.

Respirou fundo, junto suas forças mais rebeldes e mandou ver.

Quando se deram conta, o fecho éclair já era.

Foi quando entendi o que queria me dizer. Finalmente.

Precisou se explodir todo para me fazer entender.

-------------------------------------------

visite o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/12/2014
Código do texto: T5083463
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.