JULGAR É SER JULGADO

Nada é fruto do acaso. Não existe o que não há.
O acaso resulta de seu descaso. Preste atenção
em seus julgamentos. A recíproca está à espreita.



Não estava lá para escrever ou buscando inspiração para escrever, estava de folga do ofício, era almoço do dia de Natal e se alguma ideia abelhuda viesse eu a desviaria, guardei todas as palavras para uma oração de graças ao Pai pela vida e à saúde, porque tendo esta, o resto nós faremos.

Meu filho após o almoço ligou seu Smartphone em um daqueles
programas de candidatos anônimos - que por sinal apresentam ainda , ótimas atrações - e que já se espalharam pelo mundo de quem tenha um daqueles aparelhos em mãos. Ou podemos assisti-los no YouTube.

Para essas atrações, onde quer que estejam as emissoras, vão pessoas de todo canto do mundo para saírem do anonimato e encontrarem um lugar ao sol. E sendo seres humanos, fazer coisas excepcionais para uma plateia de humanos, a serem julgados por um quarteto ou quinteto de outros seres humanos, com foros de capacidade julgadora.

As redes de transmissão, “em briga de gigantes”, uma sempre querendo ser melhor que as outras, vão se copiando, como a Lei de Antoine Laurent Lavoisier: “Na natureza nada se cria nada se perde tudo se transforma”, ou de Abelardo Barbosa “Chacrinha”: “Na televisão nada se cria, tudo se copia”.

Mas, o que é bom de verdade, deve ser disseminado, mantido o nível ou melhorado, que infelizmente [mais um infelizmente] no Brasil é piorado, erotizado, escrachado, artificializado ou plastificado, sem fixação  de horários para faixas etárias, na TV aberta, em comparação à sua similares norte-americanas ou européias e asiáticas.

No entanto, como diz a frase: “O homem ainda é o maior espetáculo do próprio homem”: ali os apresentados nos programas dos USA e Europa e demais países; cantam, fazem mágicas, humor, dramas, dançam e tocam instrumentos conhecidos, já esquecidos ou inéditos, ou apresentam qualquer outro tipo de arte de uma forma inaudita. Malabarismos e contorcionismos em coreografias e performances jamais vistas ou imaginadas. Até um teatro de sombras cuja genialidade jamais tinha visto na vida.
 
Com isto, buscam o alto nível de audiência e o comparecimento de um auditório qualificado, como os vistos nos grandes espetáculos e teatros. Notamos que este é o objetivo, a primazia da arte em face ao erotismo, observadas as faixas etárias de horários públicos.  Com a diferença de ao mesmo tempo estarem levando uma qualidade programática para dentro das casas. Falhas sempre existirão, mas o percurso é em busca do cada vez melhor.

Aí está a beleza! A beleza da arte, do ser humano em sua potencialidade criadora, no uso de suas faculdades de inteligência, integralidade física e saudável, no emprego do
Bem e do Belo, da Arte em toda a potencialidade da máquina humana legada pela Criação, a quantos queiram desenvolve-la.
Mesmo quando em competições esportivas olimpíadas de cadeirantes e demais deficientes físicos, vemos a força de vontade, suprir barreiras.

O outro lado da questão fica para a pergunta: por que os homens se dividem assim, uma parte da humanidade na maravilha criativa da beleza e do bem; enquanto tantos outros matam, roubam; procuram enforcar, degolar e apedrejar outros seres humanos ao vivo e em cores, como são vistos na Síria, Arábia Saudita, Paquistão e de resto em todo o oriente fundamentalista?

Utópico, mas o planeta Terra seria um lugar maravilhoso para se viver se tudo o já referido fizesse a diferença para a melhora do ser humano. Se ele conseguisse enxergar no outro um seu igual, ainda que num lampejo de compaixão pessoal, esquecidos os dogmas e políticas raciais e religiosas... Deixar velhas tradições e idéias de lado e tomar um rumo novo.
 
Não tornar-se igual em ideais ou concepções do outro, mas não matá-lo por ser diferente, claro que no contexto atual é utópico, mas precisamos perseguir essa ideia, desejá-la em cada vez maior número de viventes. 

O "repositório de ideias formatadas" não girava em minha mente, só o sossego me distraia. Aí comecei a adicionar, de fora para dentro, a beleza de que é capaz os seres humanos: um menino de nove anos que está finalizando o colegial ou o estágio correspondente lá nos EUA, e ano que vem, entrará na faculdade, sua capacidade mental está muito além da média até de adultos considerados de inteligencia avançada. Não só nos estudos das matérias curriculares como na música que tocou em teclado (registro piano) uma improvisação nunca vista por ninguém, como solou uma música clássica de altíssima dificuldade.

Abri espaço para entrar com a atenção.
Em meio a excelentes atos, encontrei algo que iria comandar meus pensamentos pelo resto do dia e a noite, de volta para casa.

Vi algo relevante na planura do dia a dia, como se o desagravo registrado fosse meu, quando um rapaz denotadamente de ancestrais negros, de nome John Lennon da Silva, vestido em roupas humildes e comuns de tenis e de boné, foi perquirido por uma jurada loira com sotaque, (russa talvez) que o humilhou logo  a partir dos desenhos abstratos de sua camiseta de malha, em seguida "o que iria fazer"; ele disse que iria dançar a “Morte do Cisne”, ela fez nítidos gestos de desdém e deboche. Outro jurado lhe diz: “se ele sabia que naquela dança teria que representar perfeitamente a morte de um cisne?... “pura ironia e desmerecimento à pessoa do humilde rapaz; uma vez que ele  se inscreveu e veio para isso!

Comentaram que "aquela indumentária não combinava com o que John L. Silva se propunha a fazer..."  Enfim, o rapaz de 20 anos fez uma apresentação tão inesperada e espetacular, que fez grande parte do público chorar de emoção; e o jurado que o desmereceu, recebeu reprimenda da jurada "de sotaque":  - "você está chorando!?" vendo o colega derrubar lágrimas, este levantou-se e saiu. Foi filmado no banheiro enxugando as lágrimas. Era visível saber por quê!

Bateu-lhe remorso e vergonha do que disse. Pior pois antes, este mesmo jurado ao ficar estupefato, pergunta: - Quem foi o profissional que o ensaiou e fez a coreografia. O rapaz responde: - Eu mesmo..
.

*Esta apresentação de John Lennon da Silva está no
YouTube http://youtu.be/dVciPFSPXbM


A moral desta crônica com estes fatos,pretende ser a seguinte: Nunca devemos desmerecer ninguém, pela vestimenta, modo simplório de se apresentar, beleza ou feiura. Nunca sabemos ou prevemos aquilo que é capaz de fazer um ser humano persistente, dotado de força de vontade, e voltado para a Paz e o Bem. Pode ser um abençoado de Deus.

Como escrevi em a - Lenda dos Trinta e Seis Arcanjos- no [Recanto das Letras] : “Não desmerecermos ninguém, porque nunca saberemos quem é o Arcanjo enviado por Deus à Terra que poderá bater em nossa porta”.

Assim passei meu Natal, e assim desejo um Novo Ano com Fé, e Realizações, pois tudo é possível quando cremos de verdade e persistentemente no Eterno.
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Fazer da Fé a luz de meus instantes...
A busca da Verdade é a medida do meu tempo
Esperança preenche meu interior, coração e alma
Busco a Felicidade nas pequeninas coisas,
Cuja somatória faz o Bem maior.

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A busca de algo que ainda não sabemos bem,
De algo aleatório, não nos leva ao rumo almejado.
Lembremo-nos da fala do Gato de Alice:
- Se não sabes para onde queres ir, qualquer caminho te serve”
Precisamos dar sentido à vida,
Ter você dentro dela e olharmos juntos para o mesmo horizonte!
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 27/12/2014
Reeditado em 01/03/2015
Código do texto: T5082214
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