Engraçado!

Engraçado!

Engraçado! Percebo que o facebook quer resumir o meu ano e tudo que vivi somente no que ele determina que foi vida. Quanta presunção dessa rede social (prosopopeia? Não!), escrever e dizer o que foi importante no ano que se passa, passa, passa e sempre passará... o que não foi, também foi importante; caminho. Por isso, não aceito resumos, pois não sou um sujeito-compêndio e viver de sínteses é para quem não sabe ler as reticências da própria vida.

Rejeito qualquer forma de prólogo e por que devo aceitar simplesmente a introdução da minha vida? Não há resultado mais ínfimo e pífio que viver e relembrar o que o riso permeou. Cadê as lágrimas nas fotos copiadas e decoradas de momentos? Lágrimas também são resultado de vida, ou não? Cadê a espontaneidade e a naturalidade do corpo em frente ao mundo (câmeras)? Tudo é tão ensaiado que a rede social se sentiu na obrigação de fazer um ensaio de minha vida.

Minha lente fotografa o inefável, portanto, é impossível parar, fixar a minha vida em momentos imanentes; estou tropeçando pelo mundo. Nunca fui estático, por isso, fotos não me ossificam, nem preciso de tais para lembrar de mim, momentos; sou uma lápide e vivo, sempre, o agora. Não tenho tempo para parar e me ver parado e com sorrisos comprados e gestos ensaiados. Sou um ator, mas não gosto de atuar. O mundo é palco de espetáculos e eu não sou vaia nem aplauso, sou, apenas estou. De tudo resta um pouco, todavia, não esse resumo mecânico e fragmentado construído pelo facebook.

Estou na fronteira; não estou em frente, tampouco, atrás de câmeras!

"Não curtir"; " Não se sentindo otário e manipulado"; "Não compartilho"; "Não me adicione!"

Mário Paternostro