Todo anjo tem seu demônio

Era como o vento: dispersava fácil e, depois, se deixava levar pelo rumo incerto do azulão da imensidão. Era difícil, na verdade, ser quem ela era: preferia ser um elo entre seu coração e sua mente. Dançar conforme a música. Mas, jamais, ser intransigente - era alguém eloquente e procurava ter um espírito equânime e, por vezes, empático.

Por isso, sua respiração oscilava entre uma rajada ofegante e uma brisa refrescante. Nada era melhor, afinal, do que a contemplação do todo. Em um piscar de olhos, quando submersa em águas profundas, conseguia uma façanha rara: tocar o céu e o inferno com as mesmas digitais intensas que suas mãos, recheadas de ternura e força, carregavam.

Almejava, então, o des(conforto) fatal da vida, - só poderia sentir-se completa se permitisse a interiorização das várias estações oscilantes que permeavam seu quintal de virtudes, as turbulentas e as serenas.