"Emoções"- *Vergonha*_
Emoções
Vergonha
"A vergonha é a herança maior
que meu pai me deixou"...
MPB
A quem interessar possa
Aos nossos dirigentes
Desculpem a vergonha que passei e ainda estou passando! Desculpem as lágrimas que estou vertendo, na dor que me crucifica, banhando meu rosto ingênuo de sentidas emoções. Sei que é difícil conter minha desilusão, meu sofrimento, mas na minha crença, na minha esperança, sem querer deixei que a surpresa do momento tomasse conta de mim e me jogasse ao chão, tremendo e soluçando de emoção.
Desculpem minha vergonha!!! Vergonha dos anseios alimentados de que tudo ia ser diferente. Que a paz e a decência voltariam a se estabelecer entre nós. Que a dignidade, ainda tão tênue, viesse nos visitar e se pronunciar, dando-nos a confiança no futuro tão sonhado com amor, com respeito e consciência, presenteando nossas ansiedades.
Desculpem a fraqueza que tomou conta de mim, escurecendo minhas esperanças, minha fé, meu amanhã tão esperado e amado. Minha tristeza eu não deveria externá-la, deveria trazê-la guardada no meu coração para não precisar estar pedindo agora o perdão de vocês.
Desculpem minha ingenuidade em permitir que sonhos habitassem meu coração e enchessem minh'alma de esperanças e fé com a confiança da liberdade, dignidade e carater nos homens que se propuseram nos cercar de proteção, carinho e amor.
Pensei tanto, cri de uma maneira aberta e tranqüila a me confortar e descansar, na confiança, a esperança que tanto almejei desfrutar aqui, neste meu solo maravilhoso que me acolheu há mais de 75 anos, como Pai, Amigo, dando seu berço como berço de minha chegada.
Desculpem a vergonha das minhas ilusões em ter meu Lar aqui povoado de dirigentes hábeis, sinceros, honestos, confiáveis, amantes da sinceridade, dos sensíveis sentimentos que Deus ofertou tanto, que até nem sei mais me expressar para definir o que o Altíssimo, em abraços da sua Criação Divina, fez-nos portadores, para nos sentirmos dignos de sermos seus Filhos queridos e amados por Êle, Nosso Senhor.
Desculpem a vergonha, que estou sentindo, dos meus fracassos em abrir as portas do meu coração e deixar que sonhos, ilusões e ansiedades de tranqüilidade, de esperas de amanhãs dignos, se perpetuassem entre nós, dando o sempre esperado retôrno do que nos tem oferecido esta Pátria querida, amada e sempre respeitada por nós, que deambulamos seus chãos, com carinho, e crescemos à sombra de seus "paus brasil" que foram escolhidos para serem seu nome de batismo.
Pátria Amada, Mãe Gentil, Carinhosa que sempre deu tanto amor e aconchego aos filhos que realmente a adoram, como merece, pela eternidade afora.
Desculpe, Mãe, pois "êles não sabem o que fazem". Se soubessenm não nos fariam sofrer e temer tanto o futuro, na incerteza do desconhecido...
Senhores dirigentes, por favor, não a machuquem, não a maculem.
Ela não merece, nós não merecemos...
Desculpem a vergonha que estou sentido ao ver ruirem tantas esperanças, tanto amor de pessoas que juraram respeitar e proteger seu patamar de Glória e Esplendor. Estou chorando, lamentando nossas incertezas, nossos tufões desconhecidos que possam vir a nos atingir. jogando-nos por terra, afogadas num tsunami de lamentações e arrependimentos.
Desculpem minhas mãos trêmulas ao escrever o que sinto, nas palavras borradas do meu vocabulário, já tão desgastado pelas ilusões e anseios de esperanças sentidas. Não irei implorar nada, aconselhar coisa alguma, deixo apenas, na consciência de todos, a responsabilidade das promessas feitas, dos deveres a serem cumpridos, dentro dos prazos de validade de suas promessas, dos seus desejos de ambições, nas suas realizações.
Aos nossos dirigentes, envio esse desabafo, cheio de esperas nas nossas janelas...
Que Deus nos ajude e abençoe todas as mentes perturbadas e esquecidas das responsabilidades feitas, juradas e sacramentadas...
Maria Myriam Freire Peres
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2005