A morte bem de perto: uma sensação perturbadora

Hoje, vivi a amarga experiência de ver alguém morrer. Foi perturbador!

Tudo começou quando inventei de ir pedalando à Luiz Paiva. Meu condicionamento físico péssimo, me fez passar mal ao chegar à escola. Meu coração disparou, tive ânsia de vômito, senti forte pressão na cabeça e minha visão ficou turva. Suei frio, fiquei tonta e tive, constantemente, a sensação de que poderia cair e respirava com dificuldade. Foi terrível... acabei desmaiando. Fui prontamente socorrida pelos meus amigos e minhas amigas da escola. Lembro-me de ter ouvido vozes.

Aos poucos, fui percebendo onde estava. Minha voz estava fraca e minha respiração, bem lenta. Percebi que meu braço direito ficara pressionado pelo ferro da maca, então o soltei. Como anjos protetores, a vice-diretora Jaci e o professor Jorge ficaram comigo no hospital. Lá, também estava uma senhora muito doente, que sofria uma hemorragia digestiva. Seus gemidos de dor me causavam tremores. Eu acompanhei toda a agonia daquela senhora.

Quando seu estado piorou, os enfermeiros a trouxeram para bem perto de mim, pois onde eu estava é que ficavam os equipamentos para lhe prestar atendimento. Ela ainda estava viva quando a maca onde estava passou ao meu lado. Vi sangue no lençol e isso foi perturbador para mim: não posso ver, nem sentir o cheiro de sangue, sempre passo mal. Meus Deus, como não gostaria de estar ali naquela hora!

De repente, alguém disse que todos tinham feito o possível, enquanto eu ouvia o aparelho de batimentos cardíacos silenciar para sempre... Que sensação de impotência e de dor, meu Deus! Que experiência amarga...

Eu tomava o segundo soro, quando ela faleceu. Eu ouvi tudo, pois não tive nem coragem de olhar... Mas foi inevitável, tive de ser avaliada pelo médico e passei bem ao lado daquele sofrido corpo.

Uma tristeza profunda me abateu... Por sorte, a companhia de minhas amigas me fez um grande bem. Na Luiz Paiva, somos uma família. Minhas diretoras, carinhosamente, cuidaram de meu bem-estar. Preferi ficar na escola a voltar para casa, temia passar mal novamente. Apliquei minhas provas e um de meus alunos me acompanhou até meu lar. Mas as cenas terríveis não saem de minha cabeça. Está difícil dormir...

Vou tentar pensar nas coisas engraçadas que ouvi sobre o meu incidente, tipo: "Foram quatro para te carregar, quase não deram conta!" Transformar sustos em coisas engraçadas ajuda a superar traumas. Deixo meu carinho e profunda gratidão a toda a equipe da Escola Luiz Paiva, especialmente a quem conseguiu arrastar um peso pesado como eu! (Risos) Obrigada a todas as pessoas que me ajudaram. Beijos no coração!

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 19/12/2014
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