Dia de rosas, noite de cão

O dia amanhecera de rosas, sorrindo pra mim, com os dentes brilhantes da felicidade. E me convidava à caminhada, à liberdade, à fotografia , à vida! Arrumei minhas “traias” , coloquei em minha mochila preta, e lá fui eu, depois de ter deixado a filha no trabalho. Os planos já estavam na cabeça, e a ansiedade várias vezes me cutucara à noite. Não via a hora de fotografar os enfeites de Natal do calçadão e da praça na Praça Marechal Floriano Peixoto (Praça da Bandeira) de minha cidade. Queria ter ido à noite, mas, conversando com minha filha , sobre minha intenção, ela alertara sobre o risco que corria, uma vez que ali se acotovelam , duelam o antro da prostituição masculina, o roubo e “ otras “cositas” más”. Então deixamos para ir à noite com o noivo dela, porque, sozinhas, seria realmente um perigo. Fui, toda animada. Fotografei avidamente tudo e todos, com o coração transbordando de júbilo e alegria. Deixei por último, as fotos da Catedral, banhada pelos raios do sol da doce manhã de terça feira , refrigerada por um vento ameno, vindo do sul. Atravessei a rua e, ao olhar o campanário, embevecida e emocionada pela beleza histórica dos sinos - herança da antiga Catedral - cambaleei, me desgovernei e caí – madura -- ao chão, sem chance de contar com a proteção de Jesus, sereno, reluzente, estampado no vitral da porta dianteira da Catedral. Falei com Ele: ainda bem que tudo acontece aqui, à tua vista e sob a tua proteção! Por sorte, uma moça, simples, generosa, veio ao meu socorro. Levantou-me, ajudou-me a me recompor. Conversou comigo. Foi meu anjo daquele momento. Andei então, com muita dificuldade, porque o tornozelo inchou na hora – até meu carro, estacionado a dois quarteirões dali. Dirigir foi um parto. A cada mudança de marcha, uma dor lancinante triturava os ossos do tornozelo. Chegando em casa liguei pro meu Filho. Fomos para o Hospital. Longa espera. Muita dor. E muita esperança. O doutor olhou e já foi adiantando: -- não é coisa simples Dona Benvinda. Vamos fazer o raio X e depois a Senhora volta . Mais uma fila de espera. Por fim, fui chamada. Fiz as radiografias, quase morri de dor. Mais outra espera e, finalmente, o diagnóstico: havia quebrado o tornozelo esquerdo. Graças a Deus, não era um caso de cirurgia, mas de imobilidade total durante 30 dias. Isto significa muita reflexão, aprendizado, serenidade, resignação e agradecimento a Deus por não ter que passar por uma cirurgia...

Bemtevi
Enviado por Bemtevi em 17/12/2014
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