É A TREVA, SÓ PODE SER
Daí você se dedica o ano inteiro, o semestre inteiro, a aula toda: não chega atrasado, disponibiliza todo o material, procura entender o ser aprendiz em processo de construção de uma nova identidade, diz que a universidade não forma, ela informa e busca nesse contexto mostrar que a educação mudou porque o tempo, a economia, a cultura, tudo está diferente... Daí se assume uma postura diferente: formação de grupos complexos com a finalidade de se aprender com a diversidade, com os diferentes, com as ideias e a falta de leitura do mundo muitas vezes ausente na vida destes! Se propõe a novas experiências: discussão de temas polêmicos, leituras novas para ampliação do conhecimento enciclopédico, ativação do senso crítico e, através da pesquisa, a possibilidades de novos diálogos sociais à luz de novos embasamentos e no final de tudo o aluno dizer aos quatro cantos que você não é de nada, não ensina nada, é enrolão, além de ser uma pessoa prepotente, arrogante e desrespeitoso! O que resta pensar então? Que um ser como este merece realmente ser chamado de aluno! Na etimologia da palavra - um ser sem luz, aquele que vive nas trevas! - Aquele que espera que o novo nunca venha, porque o novo incomoda! Este ser das trevas espera o modelo antigo, o professor, aquele que detém todo o saber e usa a sala de aula como espaço de arroto mono-lógico! Explico: apenas este tem o estudo, a sabedoria, a possibilidade de transmitir o conhecimento esperado. O mesmo lanterna apagada, muitas vezes, é o mais bonachão de todos: chega atrasado, sai antes que a aula acabe, não tem ou não leu a apostila, fica voando porque não tem nível para acompanhar a discussão, vive de desculpas para fugir das responsabilidades, além de se fazer de vítima para depois do mérito alcançado vir arrotar desaforos! Avalia mal, usa o umbigo como cérebro, faz - se de melindroso porque na hora de ter sido avaliado se sentiu humilhado, mas não acha humilhação na hora de pedir segunda chance porque perdeu a avaliação ou porque não se saiu bem na hora do trabalho realizado, muitas vezes pelas desculpas mais torpes no mundo: o ônibus que quebrou, o congresso da igreja para gravação do CD do irmão, a convalescência de um parente ou a morte da cachorra da vizinha... Nada disso dói mais que a falta de compostura: passa por nós com um sorriso nos lábios, dá tapinhas nas costas e ainda pergunta quando terá a honra de novamente nos ter como mestre, para depois soprar nos quatro ventos uma série de comentários maledicentes, libidinosos ao ponto de questionarmos: é correto fazer direito ou direito é fazer errado? Para mim a pergunta tem gosto de filosofia e cheiro de enigma, qualquer coisa de zodíaco. Parece banalidade ou desabafo de quem não tem o que fazer, mas não é nada além de reflexão da vida depois das conversas de corredores... Correm por aí as dores nossa na boca de todos. Daí, eu cá com meus botões, pensar: É a treva, só pode ser aquele que está nas trevas!