COMENTÁRIOS AMIGOS SOBRE "A CRIAÇÃO".

Lúcia, respondo em crônica por ficar exausto o espaço em comentário. Nada de devagar você tem, ao contrário, somente absorve as névoas da poesia que aprecio e admiro imensamente, e desse vale de imagens radiantes que você faz nascer, observa colocações como fiz, com saltos enriquecedores. Moro na casa do rigor da lógica, e disso tento me penitenciar, o que me faz pecar por não ser entendido no meu verbo limitado, onde o fenômeno do pensamento por vezes fica reducionista ainda que tentado coloquial. Felizmente você alimenta o espírito mais do que eu possa, e sei de sua sensibilidade apurada. Mas te atendo com enorme prazer no que posso.

“Qual a razão desses seguimentos declinados? Realçar o princípio da compatibilidade das paralelas que se encontram, quando mesmo o Papa Francisco se coloca em anuência com as compatibilidades da mesma forma que cientistas de escol.” Foi o que eu disse.

Compatibilização de ciência e religiosidade, este o meu objetivo declarado que pensei bem sinalizado. A propósito, desde muito não negada nem por Darwin quando encerra a “Teoria das Espécies”, nem por Kant na confissão literal da indemonstrabilidade de poder afirmar existência ou inexistência de Deus.

Assim, o círculo antropológico em andamento descrito e notoriamente conhecido que citei, não inibe a compatibilidade entre criacionismo e evolucionismo.

Sua outra questão, se uma criança nascida e sem contato com a sociedade não irá pensar, é de destacar que o homem é produto do meio, é princípio intransponível curricular, também, juntamente e em andamento com DNA e razões de parentela, essa a diferença dos animais como um cachorro ou um gato que nunca irão pensar, mesmo vivendo com o homem. Já uma criança (ser humano), como ocorrente e visível na literatura, “achada” em local ermo e mesmo inóspito já em idade de adolescência ou mais, entronizada na sociedade pensará, não animais que são seres vivos de escala inferior. Isto decorre de obviedade pacífica.

Nessa prazerosa conversa que sempre propiciamos uns aos outros neste site seria difícil falar sobre o sofrimento e o cristianismo. Questão dilargada. Vasta literatura. Vamos ao nodal, fundamental. O Cristo sofrido, martirizado.

Seria endossado pelo cristianismo o sofrimento? Há maior sofrimento do que o martírio do Cristo? Quem o mandou para sofrer e libertar, tentar libertar a humanidade? Seu Pai, Deus. Teria havido endosso? Não estava escrito? Onde estava escrito? Se formos em Estevão e pelo que passou, e em nome de Quem, qual a razão de sua lapidação?

E muitas outras passagens egressas do Cristianismo, mas em Levítico 25:47, antigo testamento, era possível por acordo contratual, “vender” a si mesmo, mero escravismo nominado servidão. Assim também, Levítico 25:47, “alguém do seu povo empobrecer e se vender”, era uma faculdade, “ratio agendi”. Uma esposa ou criança poderia ser “vendida” como ajuda ao sustento da família através de tempos insustentáveis - a menos que parentes os “remissem”, pagassem a dívida. Não há escravismo maior. Sofrimento maior.

O Velho Testamento vedava servidão vitalícia, mas o problema era vocabular, servidão para eles, a tempo certo ou não, não era escravismo, mas o ser humano se tornava propriedade, escravo pois. Lúcia querida amiga, fico feliz se tudo que podia esclareci.

Ao Bernardo posso dizer que fico envolvido de forma diferente quando toco em paredes de dois mil anos, é comum sentir que estivemos antes naquele local, não todos os locais antigos, e é estranho, quando fala-se em milhões de anos, “civilizações com mais de 1 milhão de anos”, há um ponto nevrálgico nessa figuração, creio que sentimos a medida do que somos como matéria. “Nossa existência é mais antiga que o próprio tempo”, soa e reverbera em frase que aprendi a ficar submisso, sempre pertencemos à eternidade, somos o próprio tempo. “Livre pensar...é pensar”, a nobreza que nos foi dada.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/12/2014
Reeditado em 13/12/2014
Código do texto: T5067602
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